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RÉPLICA
Festival faz de Curitiba vitrine para teatro do país
VICTOR ARONIS
ESPECIAL PARA A FOLHA
O Festival de Teatro de Curitiba nasceu, em 1992, com
a proposta de ser uma mostra do
que se produz nas artes cênicas no
país. Dez anos depois, a proposta
se mantém inalterada. Em 92, o
FTC teve 11 espetáculos. Neste
ano, são mais de 120, o que permite ao público conhecer trabalhos
de 11 Estados brasileiros, do Acre
ao Rio Grande do Sul.
E essa é a proposta: trazer os espetáculos, respeitando o direito
de escolha do público e da crítica.
E é esse princípio de respeito ao
público e à crítica que norteia a seleção dos espetáculos da Mostra
Oficial do FTC -uma seleção
submetida a uma curadoria que
nos acompanha há dez anos. São
curadores que têm um trabalho,
uma história e um envolvimento
com o teatro brasileiro reconhecidos e respeitados nacionalmente.
Macksen Luiz, do "Jornal do
Brasil"; Alberto Guzik, do "Jornal
da Tarde"; Danilo Santos de Miranda, do Sesc SP; e Lúcia Camargo, hoje na diretoria do Teatro
Municipal de São Paulo, são nomes pelos quais o Festival de Teatro de Curitiba tem um profundo
respeito. Há que se agradecer, publicamente, a esses curadores, por
trazerem seu conhecimento e sua
dedicação ao festival.
Em 1998, sempre dentro da proposta de reunir o que se faz em
teatro no Brasil, buscando uma
fórmula de abrir novas oportunidades a companhias de teatro de
todo país e permitir que o público
tivesse mais opções de escolha, o
FTC criou o Fringe, nos moldes
do que se faz, há mais de 50 anos,
em Edimburgo, na Escócia. Naquele ano, apenas sete companhias participaram do Fringe.
O resultado foi tão positivo que,
quatro anos depois, mais de 300
projetos foram inscritos para participar da edição do Fringe de
2001. Apenas por uma questão de
espaço, porque é preciso encontrar espaços que atendam às necessidades das companhias, esta
quarta edição do Fringe tem 104
espetáculos. Se mais espaços estivessem disponíveis, mais espetáculos seriam apresentados, porque tanto Fringe quanto a Mostra
Oficial mantêm, e manterão, o
princípio de respeito ao direito do
público de fazer a sua escolha.
Certamente existiram falhas,
porque um evento desse porte e
que respeita a opinião do público
e da crítica é também resultado de
um aprendizado permanente e da
busca constante de acertar. E toda
crítica, quando fundamentada e
honesta, sempre foi e sempre será
bem-vinda, porque tanto quanto
o aplauso sincero, ela é instrumento de aperfeiçoamento.
O FTC surgiu numa época de
escassos investimentos em cultura no país e foram precisos muito
esforço e fé no próprio trabalho
para provar que a idéia era viável.
Mas não faltou quem acreditasse
nessa idéia desde o primeiro momento. E, desde 1992, o festival
vem reunindo nomes de peso no
cenário nacional, o teatro já consagrado pelo público e pela crítica
e, também, novos diretores, companhias e propostas.
Ao mesmo tempo em que trouxe diretores já consagrados, o festival mostrou nomes que, por seu
trabalho, rapidamente alcançariam merecido destaque no quadro nacional. Muitos consagrados
diretores de teatro brasileiro só se
apresentaram em Curitiba durante o festival, o que permite pensar
que, não fosse essa mostra, talvez
o público curitibano não tivesse
oportunidade de ver, na cidade, o
trabalho desses diretores.
É o caso de Antônio Araújo, diretor da Trilogia Bíblica ("O Paraíso Perdido", "O Livro de Jó" e
"Apocalipse 1,11"), que, além de
em São Paulo, só apresentou a trilogia completa na capital paranaense, na programação do FTC.
"O Livro de Jó" revelou o ator
Matheus Nachtergaele, que volta
nesta décima edição em "A Controvérsia", direção de Paulo José.
E o que se vê hoje em Curitiba,
nesta décima edição do Festival
de Teatro (que começou em 22 de
março e vai até 1º de abril), é uma
efervescência cultural inimaginável há dez anos. Neste momento, a
mostra do teatro brasileiro em
Curitiba motiva o debate, o questionamento, a troca de idéias e experiências.
O público está tendo a oportunidade de escolher entre mais de
480 apresentações de teatro e uma
variada gama de eventos especiais, entre eles debates, oficinas,
exposições e encontros culturais.
Neste momento, Curitiba se
transforma numa verdadeira vitrine do teatro que, com ele, traz a
literatura, a música, a dança e as
artes plásticas, num trabalho que,
sem dúvida nenhuma, merece
respeito.
Victor Aronis é diretor-geral do Festival
de Teatro de Curitiba
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