São Paulo, sábado, 26 de março de 2011

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Acervo narra história da psicanálise no país

Notícias do arquivo digital descrevem dos momentos de euforia à crise pela qual passa o legado de Freud

Tema se tornou corrente nas páginas da Folha nos anos 1930, quando conferências eram divulgadas com alarde

DE SÃO PAULO

Em março de 1928, uma nota publicada na "Folha da Noite" tentava decifrar Sigmund Freud ao comentar um livro sobre psicanálise e educação: "A finalidade do "Freudismo" é, sem dúvida alguma, a educação dos instintos, principalmente dos instintos sexuais", diz o texto armazenado no Acervo Folha.
Dois anos depois, o tema já se tornara relativamente corriqueiro nas páginas das Folhas, como o jornal era conhecido, por ter edições de manhã, à tarde e à noite.
Noticiava-se que Freud ganhara o prêmio Goethe, a mais prestigiada láurea literária da Alemanha; artigos debatiam a teoria dos sonhos e conferências de Durval Marcondes (1899-1981), um dos pioneiros da psicanálise no Brasil, eram noticiadas com certo alarde.
O fascínio por Freud e a história da psicanálise no Brasil podem ser acompanhados no Acervo Folha (acervo.folha.com.br). O acesso ao serviço é gratuito nessa fase inicial.

DIVULGADOR
O ápice dessa cobertura ocorreu entre os anos de 1945 e 1962 porque um dos controladores da Folha nessa época, José Nabantino Ramos (1908-1979), era aficionado por psicanálise.
Tão aficionado que num período que viveu em Londres se submetia a seis sessões por semana. Em 1967, foi nomeado membro emérito da Sociedade Brasileira de Psicanálise.
O próprio Nabantino Ramos, professor de direito da USP e do Mackenzie, escreveu sobre o assunto. Em 1946, publicou um texto sobre psicanálise e marxismo, um tema que só chegaria à mídia na década de 60.
Sob a direção de Nabantino Ramos, a "Folha da Manhã" passou a publicar regularmente textos do pioneiro Durval Marcondes e criou uma coluna semanal de psicanálise, assinada por uma mulher, Virgínia Bicudo (leia mais no texto ao lado).
No livro "Álbum de Família: Imagens, Fontes e Ideias da Psicanálise em São Paulo", o psicanalista Leopold Nosek reconhece o papel de divulgador de Nabantino Ramos: "Foi no jornal "Folha da Manhã" e na Rádio Excelsior que se escancararam as portas da divulgação psicanalítica. Pelo menos desde 1945 até o início dos anos 60, a psicanálise ocupou um lugar privilegiado nos meios de comunicação de massa".
A crise pela qual passa o legado de Freud com a ascensão das drogas que prometem acabar com depressão e crises de humores é o tema dominante desde os anos 80.
Um título na capa do Mais! de 2006 capta onde foi parar Freud: "Pai Patrão". O título do livro que norteia a edição, da francesa Catherine Meyer, mostra que Freud já viveu dias melhores: "O Livro Negro da Psicanálise".


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