MARCELO NEGROMONTE
free-lance para a Folha

"No atual governo de Nelson Mandela há mais corrupção do que nos anteriores, comandados por brancos." O reggaeman sul-africano Lucky Dube, 33, chega a São Paulo, nada satisfeito com seu país, para um show hoje, cuja base é o disco "Taxman", que será lançado no Brasil em abril.
O álbum trata da evasão de impostos, tema considerado por Dube como "preocupante", apesar de achar que nenhum país está livre da mazela.
"Na África do Sul, não se sabe para onde vai o dinheiro dos impostos. O ministro da Saúde, por exemplo, desconhece o destino de US$ 88 milhões arrecadados em 97", disse Dube.
Apesar do grande feito -pôs fim ao apartheid-, o governo do ex-preso político Mandela é visto com ressalvas pelo cantor e compositor. "Não é porque somos governados por negros que temos que aceitar qualquer coisa. A cor, como sempre, não importa."
"Pagamos impostos para termos uma vida melhor, e esse dinheiro só melhora a vida dos políticos", afirmou Dube, num discurso várias vezes ouvido do lado de cá do Atlântico.
Engajado politicamente e com ingredientes nativos, "Taxman" -também composto e produzido por Lucky Dube- une o reggae com guitarras à mbaqanga, a música soul zulu.
Dube mantém a tradição da filosofia reggae de lutar contra a opressão política e social, mas diferencia-se de um certo tipo de estereótipo dos reggaemen. "Não fumo nem nunca fumei maconha (que sempre foi consumida na África antes de os brancos chegarem com cigarros e charutos) e não sou de nehuma religião. Yeah, man, só acredito em Deus."
Assim como a cor, que diferença isso faz?

Show: Lucky Dube Onde: Olympia (r. Clélia, 1.517, tel. 011/252-6255, Lapa) Quando: hoje, às 21h30 Quanto: de R$ 30 a R$ 50


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