São Paulo, Sexta-feira, 26 de Março de 1999
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TELEVISÃO
Novo organograma da rede, que voltou a demitir, preenche cargos de vice-presidente e de superintendentes
Silvio Santos agora divide poder no SBT

DANIEL CASTRO
da Reportagem Local

Desde o dia 1º de março, quando entrou em vigor o novo organograma do SBT, Silvio Santos passou, oficialmente, a dividir o poder interno, ao mesmo tempo em que implantou uma administração centralizada, encerrando um ciclo que durava desde meados de 97.
Imediatamente, a mudança gerou a demissão de pelo menos 14 profissionais e da apresentadora Debora Rodrigues, a ex-sem-terra.
Acionista majoritário do SBT, o empresário e apresentador continua dando a última palavra na emissora. Mas, agora, oficialmente, dedica-se mais à área artística do que à administrativa.
O organograma da segunda maior rede de TV do país voltou a ter os cargos de vice-presidente e de superintendentes de áreas, que estavam vagos desde agosto de 97, quando Silvio Santos tomou o controle administrativo do SBT, com a saída de Guilherme Stoliar (então vice-presidente) e de Luciano Callegari (então superintendente de programação e operações).
Com o novo organograma, deixou de existir definitivamente o sistema administrativo implantado por Santos, que dividia a emissora em diretorias e em "lojinhas".
Pelo sistema de "lojinhas", havia um departamento administrativo e financeiro para cada núcleo da emissora. Eram núcleos, por exemplo, os departamentos de produção e de novelas. Ao todo, chegaram a existir 18 "lojinhas", cada uma com um orçamento independente, mas controlado por uma diretoria financeira central.
O sistema de "lojinhas" começou a ruir quando Eduardo Lafon assumiu a diretoria artística do SBT, em novembro. "Na minha área (que inclui a produção de programas, novelas, jornalismo e cenografia) eu unifiquei todas as "lojinhas" em uma só", resume Lafon.
No último dia 1º, José Roberto Maluf (ex-Bandeirantes) assumiu o cargo de vice-presidente. No organograma, Maluf está abaixo apenas de Luiz Sandoval, presidente do Grupo Silvio Santos. Silvio Santos nunca teve cargo no SBT.
Abaixo de Maluf, estão quatro superintendências: a artística (Lafon), a da geradora (Ivandir Kotait, responsável pelos departamentos comercial e de marketing), a administrativa e financeira (Rowley B. Martos) e a de redes e afiliadas (Júlio César Casares).
Os superintendentes e Maluf se reúnem toda semana. Uma das primeiras decisões do grupo foi unificar a administração.
Na última sexta-feira, os funcionários que trabalhavam no setor administrativo das produções (os dos programas de Silvio Santos, por exemplo) foram remanejados ou demitidos. A gestão financeira das produções passou a ser centralizada pela superintendência administrativa e financeira.
No SBT, comenta-se que 47 pessoas teriam sido demitidas na semana passada. Eduardo Lafon, superintendente-artístico, diz que foram apenas "13 ou 14 demissões" e que não haverá novos cortes. "Algumas pessoas foram transferidas para a administração central", diz.
Pela nova orientação do SBT, não serão renovados contratos de artistas que estiverem sem programa, como foi o caso de Debora Rodrigues, e todos os projetos de novos programas serão avaliados pela vice-presidência.
Por isso a única estréia neste ano foi a do humorístico "Ô... Coitado!". Para o segundo semestre, podem vingar o novo "Qual É a Música" e "Isto É Real" (jornalístico sobre "fatos curiosos"). Segundo Lafon, ainda não se cogita um telejornal, mas a emissora deve em breve montar equipes de jornalismo (repórteres, câmeras e iluminadores).


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