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MUNDO DE BACO
Douro destaca-se com exemplares de mesa
JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA
Durante as últimas décadas,
o Douro, no norte de Portugal, tem se firmado como berço de
alguns dos melhores tintos do
país. A região compartilha o título
apenas com o Alentejo, no extremo sul, fonte também de espetaculares goles rubros.
À medida que passam os anos,
os vinhedos do Douro -que ganharam fama pelos seus Portos,
deliciosos vinhos doces fortificados- vêm cada vez mais chamando a atenção pelos seus densos e encorpados exemplares de
mesa, nutridos por cepas de pontas lusitanas como a touriga nacional e a tinta roriz.
É dessa área vinícola (aliás, sem
dúvida uma das mais belas do
planeta) que são oriundos os
Quinta de la Rosa e Quinta Seara
d'Ordens, que acabaram de chegar ao Brasil.
A Quinta de la Rosa pertence
aos Bergqvist, uma família que está no negócio de comercialização
de vinhos do Porto desde 1815. A
propriedade está nas mãos do clã
desde 1905 e tem hoje 55 hectares,
dos quais brotam cerca de 90 mil
litros de Porto e 70 mil litros de vinho de mesa por ano.
Três Quinta de la Rosa, safras
97, 98 e 99, integram o primeiro
desembarque da casa. Eles são
corte de uvas tinta roriz, touriga
nacional, tinta barroca e touriga
francesa em proporções que podem variar com a safra e envelhecidos em tonéis de carvalho americano, francês e português.
Todos são um pouco tânicos e
requerem tempo para se arredondar. O 97, mais evoluído, tem aroma e sabor que lembram um pouco um Porto (alcaçuz, leve uva
passa) combinado com ameixas
pretas, e o 98 está marcado por
frutas vermelhas e boas pinceladas de carvalho. Já o 99, novo e fechado ainda, agrada pelo aroma
complexo, que mescla ameixas
maduras, chocolate e canela.
Os Quinta Seara d'Ordens (dois
varietais, tinta roriz e touriga nacional, ambos 99, e um vinho de
corte, safra 98, que leva apenas o
nome da quinta) são um pouco
mais redondos -sem deixar de
ser igualmente musculares. O
Tinta Roriz atrai pelo aroma frutado, fino e intenso, que lembra
framboesa.
Mais rico em nuanças, o Touriga Nacional mostra um paladar
(também adstringente) marcado
por frutas vermelhas mescladas
com cravo, baunilha e um exótico
toque cítrico. O Quinta Seara
d'Ordens (elaborado com uvas
touriga nacional, tinta barroca e
roriz) exibe também boa complexidade (fruta, torrefação, nozes,
madeira) no aroma e sabor bastante persistente que finaliza com
um defumado agradável.
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