São Paulo, quinta-feira, 26 de abril de 2001

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MUNDO DE BACO

Douro destaca-se com exemplares de mesa

JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA

Durante as últimas décadas, o Douro, no norte de Portugal, tem se firmado como berço de alguns dos melhores tintos do país. A região compartilha o título apenas com o Alentejo, no extremo sul, fonte também de espetaculares goles rubros.
À medida que passam os anos, os vinhedos do Douro -que ganharam fama pelos seus Portos, deliciosos vinhos doces fortificados- vêm cada vez mais chamando a atenção pelos seus densos e encorpados exemplares de mesa, nutridos por cepas de pontas lusitanas como a touriga nacional e a tinta roriz.
É dessa área vinícola (aliás, sem dúvida uma das mais belas do planeta) que são oriundos os Quinta de la Rosa e Quinta Seara d'Ordens, que acabaram de chegar ao Brasil.
A Quinta de la Rosa pertence aos Bergqvist, uma família que está no negócio de comercialização de vinhos do Porto desde 1815. A propriedade está nas mãos do clã desde 1905 e tem hoje 55 hectares, dos quais brotam cerca de 90 mil litros de Porto e 70 mil litros de vinho de mesa por ano.
Três Quinta de la Rosa, safras 97, 98 e 99, integram o primeiro desembarque da casa. Eles são corte de uvas tinta roriz, touriga nacional, tinta barroca e touriga francesa em proporções que podem variar com a safra e envelhecidos em tonéis de carvalho americano, francês e português.
Todos são um pouco tânicos e requerem tempo para se arredondar. O 97, mais evoluído, tem aroma e sabor que lembram um pouco um Porto (alcaçuz, leve uva passa) combinado com ameixas pretas, e o 98 está marcado por frutas vermelhas e boas pinceladas de carvalho. Já o 99, novo e fechado ainda, agrada pelo aroma complexo, que mescla ameixas maduras, chocolate e canela.
Os Quinta Seara d'Ordens (dois varietais, tinta roriz e touriga nacional, ambos 99, e um vinho de corte, safra 98, que leva apenas o nome da quinta) são um pouco mais redondos -sem deixar de ser igualmente musculares. O Tinta Roriz atrai pelo aroma frutado, fino e intenso, que lembra framboesa.
Mais rico em nuanças, o Touriga Nacional mostra um paladar (também adstringente) marcado por frutas vermelhas mescladas com cravo, baunilha e um exótico toque cítrico. O Quinta Seara d'Ordens (elaborado com uvas touriga nacional, tinta barroca e roriz) exibe também boa complexidade (fruta, torrefação, nozes, madeira) no aroma e sabor bastante persistente que finaliza com um defumado agradável.


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