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Festival de Manaus aposta em co-produções
12ª edição terá mais três produções até seu encerramento, no dia 31 de maio
Tendo Roger Waters como
compositor, o festival
produziu ainda a ópera "Ça
Ira", melodicamente fraca e
visualmente luxuriante
JOÃO BATISTA NATALI
ENVIADO ESPECIAL A MANAUS
O 12º Festival Amazonas de
Ópera terá hoje a última récita
de "Ariana em Naxos", de Richard Strauss, e mais três produções até seu final, em 31 de
maio. Terão sido, ao todo, um
musical e quatro óperas, num
total de 14 récitas, e ainda mais
dez concertos.
No ano passado, foram menos: três óperas, com basicamente o mesmo orçamento
(R$ 4 milhões). O diferencial
está no uso das co-produções
ou de espetáculos montados
por outros teatros. O maestro
Luiz Fernando Malheiro, diretor do festival, diz que nem
sempre uma montagem de fora
tem o preço drasticamente reduzido. É caro o frete aéreo de
cenários e figurinos e há a burocracia alfandegária.
Um exemplo é "Maria Golovin", de Gian Carlo Menotti
(1911-2007), produção da Ópera de Marselha, que estréia em
21 de maio. Outra montagem
comprada é a de "João e Maria"
(Hänsen und Gretel), de Engelbert Humperdinck (1854-1921), a ser novamente regida
por Jamil Maluf.
"Ariana em Naxos" é co-produção com o Municipal de SP,
que a programou ainda para
2008. É uma engenhosa ópera
em que Strauss (1864-1949) e
seu melhor libretista, Hugo von
Hofmannsthal, concebem um
milionário que contrata duas
pequenas companhias líricas
para o deleite de seus convidados e que, em cima da hora, ordena que os dois espetáculos
sejam fundidos em um só, para
não atrasar a ceia. A interferência de uma comédia num episódio trágico da mitologia grega
gera situações hilariantes.
Manaus, que dispõe de equipes para cenografia e figurinos,
produziu "Ça Ira", que teve anteontem sua última récita. É
um espetáculo visualmente luxuriante, mas fraco em termos
melódicos, por culpa do ex-Pink Floyd Rogers Waters, o
compositor. Há ainda um pieguismo ingênuo do libretista
Etienne Roda-Gil ao retratar a
Revolução Francesa. No caso
de Maria Antonieta, ela se torna uma emotiva mãe de família.
Vejamos a "Maria Golovin",
de Menotti. Ela estreou sem
grande sucesso em 1958. Das 28
que ele escreveu, é uma das menos conhecidas. Narra a paixão
de Donato, que perdeu a vista
numa guerra, por Maria, cujo
marido é ainda prisioneiro ou
foi morto no mesmo conflito.
O evento será encerrado com
"Turandot", última ópera de
Giacomo Puccini (1858-1924),
em 29 e 31 de maio. Ela não será
encenada no Teatro Amazonas,
mas em praça pública, com 20
mil pessoas por récita.
O festival também tem problemas. O principal, diz o maestro Malheiro, é o da baixa remuneração dos músicos (menos de R$ 4.000). Neste ano, oito deixaram a orquestra, atraídos por melhores salários em
Belo Horizonte.
NA INTERNET
http://www.amazonasfestivalopera.com/
O jornalista JOÃO BATISTA NATALI viajou a
convite do festival
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