São Paulo, sexta-feira, 26 de maio de 2000


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ARTES PLÁSTICAS
Robert Kudielka faz conferência no centro Maria Antonia
Filósofo alemão debate pós-moderno

JULIANA MONACHESI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Ele não tem medo da pós-modernidade, de Clement Greenberg nem do gigante Duchamp. O alemão Robert Kudielka, professor de estética e filosofia da arte, está em São Paulo para uma conferência em que deve abalar esses e outros mitos da arte deste século.
Kudielka tem como alvo "uma noção muito simplista de arte moderna" que compreende a história de Manet a Pollock como o desenvolvimento constitutivo do modernismo. "Uma linha de desenvolvimento da arte foi transformada na arte moderna e a mudança que se seguiu ganhou o nome "pós-modernismo", uma expressão formal que não diz muito e tem o perigo de, novamente, transformar o modernismo em um monolito gigante do qual queremos nos afastar ou de que parecemos ter nos afastado", afirma.
Segundo ele, há vários modernismos. Um deles é o modernismo romântico, cujo maior expoente foi Joseph Beuys: "Não me refiro a um estilo, mas a certa espécie de atitude, que vai da transposição dos limites entre arte e vida e entre as diversas áreas de conhecimento, abrindo o leque para "works in progress" e poéticas fragmentadas". Em oposição a isso, haveria o modernismo clássico, baseado no problema de se encontrar uma forma de expressão.
Os estudos de Kudielka procuram desvincular o entendimento da arte moderna do historicismo. "Será suficiente abordar o assunto em termos históricos ou estaríamos nos defrontando com um outro problema nesse começo de século 21, ou seja, de que a arte se tornou global e já não pode ser reduzida a uma corrente indo nesta ou naquela direção? Mais do que a questão temporal, importa essa expansão global ou a fusão de diferentes influências em curso."
Recente edição da revista "Novos Estudos" traz um artigo de Kudielka todo dedicado à obra "Lição de Piano", de Matisse, análise minuciosa que ele gostaria de ver dedicada a outros temas.
"É importante olhar o período de 1905 a 1914 e perguntar mais uma vez por que tantas tendências surgiram de repente. Já ali você tem um fenômeno não linear, com o futurismo, o cubismo, o fauvismo etc criando uma situação não tão diferente da nossa."
Outro ponto que merece atenção é um entendimento objetivo da importância da arte americana após a segunda guerra, "pois a figura de Duchamp ainda parece obscurecer tudo. Acho que ele não é tão "americano" quanto se tenta fazer crer", diz.


Palestra: Arte Moderna Depois do Modernismo, Robert Kudielka Onde: Centro Maria Antonia (r. Maria Antonia, 294, tel. 0/xx/11/255-5538) Quando: hoje, às 20h30 Quanto: entrada franca


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