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ARTES PLÁSTICAS
Robert Kudielka faz conferência no centro Maria Antonia
Filósofo alemão debate pós-moderno
JULIANA MONACHESI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Ele não tem medo da pós-modernidade, de Clement Greenberg
nem do gigante Duchamp. O alemão Robert Kudielka, professor
de estética e filosofia da arte, está
em São Paulo para uma conferência em que deve abalar esses e outros mitos da arte deste século.
Kudielka tem como alvo "uma
noção muito simplista de arte
moderna" que compreende a história de Manet a Pollock como o
desenvolvimento constitutivo do
modernismo. "Uma linha de desenvolvimento da arte foi transformada na arte moderna e a mudança que se seguiu ganhou o nome "pós-modernismo", uma expressão formal que não diz muito
e tem o perigo de, novamente,
transformar o modernismo em
um monolito gigante do qual queremos nos afastar ou de que parecemos ter nos afastado", afirma.
Segundo ele, há vários modernismos. Um deles é o modernismo romântico, cujo maior expoente foi Joseph Beuys: "Não me
refiro a um estilo, mas a certa espécie de atitude, que vai da transposição dos limites entre arte e vida e entre as diversas áreas de conhecimento, abrindo o leque para
"works in progress" e poéticas
fragmentadas". Em oposição a isso, haveria o modernismo clássico, baseado no problema de se encontrar uma forma de expressão.
Os estudos de Kudielka procuram desvincular o entendimento
da arte moderna do historicismo.
"Será suficiente abordar o assunto em termos históricos ou estaríamos nos defrontando com um
outro problema nesse começo de
século 21, ou seja, de que a arte se
tornou global e já não pode ser reduzida a uma corrente indo nesta
ou naquela direção? Mais do que a
questão temporal, importa essa
expansão global ou a fusão de diferentes influências em curso."
Recente edição da revista "Novos Estudos" traz um artigo de
Kudielka todo dedicado à obra
"Lição de Piano", de Matisse, análise minuciosa que ele gostaria de
ver dedicada a outros temas.
"É importante olhar o período
de 1905 a 1914 e perguntar mais
uma vez por que tantas tendências surgiram de repente. Já ali você tem um fenômeno não linear,
com o futurismo, o cubismo, o
fauvismo etc criando uma situação não tão diferente da nossa."
Outro ponto que merece atenção é um entendimento objetivo
da importância da arte americana
após a segunda guerra, "pois a figura de Duchamp ainda parece
obscurecer tudo. Acho que ele
não é tão "americano" quanto se
tenta fazer crer", diz.
Palestra: Arte Moderna Depois do
Modernismo, Robert Kudielka
Onde: Centro Maria Antonia (r. Maria
Antonia, 294, tel. 0/xx/11/255-5538)
Quando: hoje, às 20h30
Quanto: entrada franca
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