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BIENAL DO LIVRO
A 11ª edição da feira foi finalizada em clima de euforia pelos números de público pagante e de vendas de livros
"Mercado otimista" encerra Bienal
CASSIANO ELEK MACHADO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Maior feira de livros já
realizada no país, a 11ª Bienal do Livro do Rio terminou ontem com clima de
"Guinness" também nos
quesitos público e venda de livros.
Em evento no final da tarde de
ontem, os diretores do Sindicato
Nacional dos Editores de Livros, o
Snel, e da Fagga divulgaram terem
conseguido os melhores resultados da história do evento, inaugurado em 1983 em uma pequena
sala do Copacabana Palace. Falou-se em explosão do número de
exemplares vendidos, em aumento do público pagante, em recorde
de visitação a uma feira de livro
em um dia só (os 80 mil que transitaram pelo Riocentro anteontem).
Só não cresceu o público total.
Ficou nos 560 mil visitantes de
2001. Por trás do "empate", esteve
a limitação do número de escolares que receberam passe livre para
a Bienal (de 235 para 200 mil).
"Avaliamos que as visitas escolares foram excessivas na última
Bienal", afirmou o presidente do
Snel, o editor Paulo Rocco.
O público pode ter ficado estável, mas as vendas teriam crescido
expressivamente, sustentam os
organizadores, que apresentaram
40% de aumento de exemplares
negociados nos 55 mil metros do
evento.
Os números oficiais, baseados
em pesquisa com 500 visitantes,
falam em 1,66 milhão de cópias
vendidas, mais de 400 mil exemplares a mais do que na última
edição (lembre que no Brasil a
média de tiragem de um livro é de
3.000 cópias).
"Em 2001, o público que comprou livros consumiu uma média
de 5,3 exemplares. Neste ano, pulamos para seis cópias per capita",
disse Roberto Feith, diretor do
Snel.
O crescimento de público pagante e de títulos vendidos impulsionou o faturamento total. Segundo os organizadores, foi de R$
21 milhões o faturamento na edição passada e de R$ 36,4 milhões
o dinheiro arrecadado neste ano.
"Vendemos de 21% a 22% a
mais do que na Bienal passada",
comemorou Sérgio Machado, da
Record, que disse que o "mercado
editorial saiu mais otimista da
Bienal do que entrou". "E isso
porque o clima não ajudou. O sol
levou muita gente para a praia.
Queríamos que tivesse sido mais
fresco, com nuvem", disse o editor, também da diretoria do Snel.
Sobre a "meteorologia" de 2005,
quando ocorre a próxima Bienal,
ainda não se fala nada. Neste ano,
o evento, que teve o anglo-indiano Salman Rushdie como atração
principal, homenageou a Itália.
Especula-se que a França seria o
próximo convidado.
Segurança
"A avaliação positiva que Rushdie, Scott Turow e Maitena fizeram do evento vai abrir portas para que outros autores de peso venham nas próximas edições e
contribui para que vejam que não
é arriscado vir ao Rio", comentou
Paulo Rocco.
A segurança foi de fato vitaminada para a feira. Nos 30 quilômetros que separam o centro do Rio
e o Riocentro, era possível passar
por até cinco comandos, quase
sempre com policiais com dedo
no gatilho. Foram 3.000 homens
envolvidos nessa "operação de
guerra", divulgou a organização.
Guerra, aliás, não foi tema dos
mais presentes no evento, ainda
que tenha feito discretas e curiosas participações especiais. Um
dos quase mil estantes da Bienal, o
da Livraria Portugal, exibia pela
primeira vez a edição portuguesa
de "Zabiba e o Rei", obra de ficção
atribuída a Salman Rushdie. Na
prateleira mais atrás, já escondida, estava uma "autobiografia" de
Osama bin Laden.
Não foram eles, porém, os campeões da 11ª Bienal. No quesito
autógrafos, mais uma vez foi Ziraldo o grande assinante de volumes, para crianças com a faixa
"Ah, estou maluquinho" na cabeça. Em termos de vendas, saíram
ganhando outros amigos da garotada (leia texto ao lado).
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