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"ATÉ O DIA EM QUE O CÃO MORREU"
Autor lança seu primeiro texto no gênero e tem contos de 2001 levados ao palco
Daniel Galera agarra o osso do romance
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Há cerca de dois anos, quando
resolveu mostrar para o público
os seus "Dentes Guardados", Daniel Galera não era mais que um
vira-lata. Hoje, de livro novo na
mão, com o anterior em cartaz no
teatro, adaptado por Mário Bortolotto, e contrato de publicação
de sua editora, a Livros do Mal, na
Itália, o escritor de Porto Alegre
continua dispensando o pedigree.
"Sempre gostei de vira-latas, vejo muita coisa interessante na relação deles com os homens", afirma Galera, 23, que, em "Até o Dia
em que o Cão Morreu", seu romance de estréia, traz novamente
um pulguento para o centro da
narrativa.
Escrita "aos saltos", a história de
120 páginas só pode ser lida, no
entanto, de uma tacada só. "Cheguei a pensar que o livro teria
umas 200 ou 300 páginas, mas fui
conseguindo melhores resultados
com uma concisão maior", afirma o autor. "Vejo-o como uma
narrativa longa que busca aquele
"punch" do conto."
Teorias à parte, "Até o Dia em
que o Cão Morreu" narra a história de um jovem recém-formado
em letras, classe média, morando
em um apartamento sozinho
(com a ajuda do pai) e, sem entender muito bem o porquê, "velho
demais para morrer jovem". Soa
familiar? "Um bom número de
pessoas se identifica com algum
dos personagens. Já estou enlouquecendo com as piadinhas de "livro de geração'", reclama.
Mas, apesar das bebedeiras e
porra-louquices do protagonista,
"Até o Dia em que o Cão Morreu"
não é só isso: "Queria falar sobre o
significado da solidão e da morte,
da oposição dos nossos impulsos
mais passionais à necessidade de
estabilidade material. Associar o
texto à minha idade, classe social
ou momento histórico é papel do
leitor e do crítico, se eles tiverem
vontade de fazer isso".
Então deixa para lá... O que interessa, aqui, é justamente a tranquilidade do autor em transitar de
um capítulo/página a outro(a)
deixando o sexo para falar do cão,
as drogas para falar do pai, a vida
para falar da morte.
"A literatura é um meio em que
podemos e devemos nos dar ao
luxo de ser individuais sem culpa,
sem medo de ofender e prejudicar
os outros. É um dedo na ferida,
sim. Para mim, essa é exatamente
a essência de toda a literatura relevante", diz o escritor, que começou as suas aventuras literárias na
internet, no extinto Cardoso Online, e que, como suas próprias
crias, ainda procura um emprego
fixo e tenta acertar o passo entre
trabalho e prazer. "Estou à beira
da falência pessoal, na verdade."
ATÉ O DIA EM QUE O CÃO MORREU.
Autor: Daniel Galera. Editora: Livros do
Mal. Quanto: R$ 20 (128 págs.). Peça
"Dentes Guardados". Quando: ter. e qua.,
às 21h30. Até 28/5. Onde: Espaço
Cemitério de Automóveis (r. Cons.
Ramalho, 673, Bela Vista, SP, tel. 0/xx/11/
3285-2850). Quanto: R$ 5.
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