|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Estrela de Babenco, Gael estréia na direção
Em Cannes, ator participa com "Babel", um dos filmes favoritos à Palma de Ouro
Depois do festival francês, mexicano estará em longa rodado em Buenos Aires e em São Paulo; em 2007, dirigirá "Déficit" em seu país
SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A CANNES
É responsabilidade do cineasta brasileiro de origem argentina Hector Babenco o corte de cabelo que o ator mexicano Gael García Bernal desfila
no Festival de Cannes, atraindo
todas as atenções.
Os fios longos e desordenados são característica do personagem argentino que ele interpretará em "El Pasado", longa
que Babenco filma em Buenos
Aires e em São Paulo, nos próximos meses.
"Esses são os cabelos de Rímini", diz Bernal, referindo-se
ao tradutor cuja turbulenta vida amorosa é o tema do filme.
Em Cannes, Bernal, 27, é estrela de "Babel", título do mexicano Alejandro González Iñárritu, que rivaliza o favoritismo à
Palma de Ouro com "Volver",
do espanhol Pedro Almodóvar
(que também dirigiu Bernal em
"Má Educação", 2003).
No novo filme de Iñárritu,
Bernal é Santiago, um jovem
mexicano que se desentende
com a polícia de fronteira dos
Estados Unidos.
Para o ator, voltar à Croisette
é retornar ao lugar que definiu
sua carreira: "No dia seguinte à
vitória de "Amores Brutos" aqui,
minha vida mudou", afirma.
"Amores Brutos" foi o primeiro longa-metragem dirigido por Iñárritu, vencedor do
prêmio da Semana da Crítica
em Cannes em 2000.
Capuccino
Antes da vitória, diretor e
equipe eram meros desconhecidos. "A situação era outra.
Não havia tantos jornalistas do
mundo inteiro querendo falar
comigo, não me serviam capuccino e drinques, e eu não estava
no mesmo hotel em que estou
hoje", cita Bernal.
De "Amores Brutos" a "Babel", a carreira de Bernal saltou
para a primeira linha. Iñárritu
citou a valorização do ator, em
tom de brincadeira, dizendo
que quer tê-lo em seu próximo
filme, mas não sabe se poderá
pagar o cachê.
"Ele diz isso, mas ele é que foi
viver em Los Angeles. Eu moro
no México", retruca Bernal, no
mesmo diapasão. Para escolher
seus papéis, Bernal diz que usa
"um critério simples". "Eu me
pergunto se é necessário para
mim fazer aquele filme. É o que
conta. Não fiz "Amores Brutos"
para ficar famoso. Não fiz nem
sequer pensando em ser pago."
Agora, o ator prepara sua estréia na direção. O longa "Déficit", previsto para 2007, deve
ser rodado no México, onde
Bernal abriu recentemente
uma produtora.
""Déficit" é sobre mim e os
meus assuntos", diz, sem querer ir muito além disso. A sinopse do longa divulgada até
agora fala num encontro de
pessoas de diferentes classes
sociais.
Exemplar da espécie de atores que costumam engajar-se
em boas causas, Bernal diz que
neste momento só se ocupa de
um assunto, bem distante do
cinema. "Sei que as mudanças
climáticas são um tema muito
importante, que a pobreza é um
tema importante, mas não posso evitar, o assunto que mais
me preocupa no momento é a
Copa do Mundo", diz ele, sem
querer dar palpite sobre quem
será o vencedor.
Na partida Iñárritu x Almodóvar, ele também evita fazer
previsões. "Isso não é uma corrida." É sim. E a final ocorre no
próximo domingo, quando o
Festival de Cannes divulga seus
vencedores.
Texto Anterior: Agonia mutante Próximo Texto: Curta brasileiro recebe aplausos após exibição Índice
|