São Paulo, segunda-feira, 26 de junho de 2000 |
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ARTES PLÁSTICAS Mostra dedicada à obra do artista italiano é aberta hoje, no Museu de Arte Brasileira, em São Paulo Faap expõe multiplicidade de Pennacchi DA REPORTAGEM LOCAL Na década de 30, em São Paulo, um grupo de jovens artistas reunia-se no que era o Soho (bairro dos artistas de Nova York) da época: o palacete Santa Helena, no centro da cidade. Em pequenos ateliês, os artistas, entre eles Volpi, agruparam-se não para seguir as vanguardas artísticas da Semana de Arte Moderna de 22, mas para criar uma arte nacional. Entre esses artistas estava o italiano Fulvio Pennacchi, que havia estudado pintura em Lucca (na Itália), mas deslumbrou-se com a cultura brasileira e resolveu ficar aqui. Em 1973, o Masp organizou uma grande retrospectiva com as obras do artista. Desde então pouco se falou de Pennacchi. Na Mostra do Redescobrimento, em cartaz no parque Ibirapuera, ele não tem nenhuma obra exposta. Mas, a partir de hoje, o Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Álvares Penteado, a Faap, abre a exposição "Desvendando Pennacchi" e exibe não só suas pinturas a óleo e afrescos (ele é considerado o maior afresquista brasileiro por Pietro Maria Bardi, o fundador do Masp), como também revela sua obsessão de transformar em arte tudo ao seu redor. "O objetivo é retratar todo o universo de Pennacchi, mostrar a obra menos conhecida do artista, mas não a menos importante", disse à Folha Fábio Porchat, o curador da exposição. "Talvez ele seja até hoje pouco conhecido por ter esnobado o mercado, pois nunca precisou vender obras para viver. Sua obra em cerâmica, por exemplo, está praticamente toda com a família", conta Porchat, que foi marchand de Pennacchi (leia box abaixo). Pennacchi chegou no Brasil, em 1929, aos 23 anos. Em 1936, passou a dar aulas no colégio Dante Alighieri. Nessa época ele pintava afrescos nas casas de famílias ricas italianas que aqui residiam. Foi assim que conheceu Filomena Maria Dall'Aste Brandolini Matarazzo, neta do conde Francisco Matarazzo, com quem se casou em 1945. Desde então, ele pôde se dedicar à sua arte com exclusividade e transformou sua casa num laboratório para suas criações. Lá, tudo tem a mão do artista. Os móveis foram desenhados por ele, assim como os azulejos da casa. Até no banheiro há afrescos de Pennacchi. E cerâmicas, muitas cerâmicas. Grande parte dessas obras estão agora na exposição na Faap. Em 1937, os artistas do Grupo Santa Helena, assim denominados porque se reuniam naquele edifício, formaram a Família Artística Paulista, que organizou três grandes exposições. Na última, em 1940, que contou com Volpi e Anita Malfatti, Pennacchi também se fez representar. Ele criou obras para várias igrejas de São Paulo, como afrescos na Nossa Senhora da Paz, no Brás, ou cerâmicas para a São Pedro e São Paulo, do Morumbi. Todas as obras foram realizadas sem cobrar. A mostra na Faap reúne grande parte do trabalho do artista, que, segundo Porchat, "conseguiu a proeza de não transigir a modismos, mas fez apenas o que quis". (FABIO CYPRIANO) Exposição: Desvendando Pennacchi Vernissage: hoje, às 20h Quando: de hoje a 30 de julho; de terça a sexta, das 10h às 21h, sábado e domingo, das 13h às 18h Onde: Museu de Arte Brasileira da Faap (r. Alagoas, 903, tel. 0/xx/11/ 3662-1662, Higienópolis, São Paulo) Quanto: entrada franca Texto Anterior: Flavio de Souza dirige leitura de "Algo Azul" Próximo Texto: Curadoria de marchand vira modismo Índice |
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