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São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2003

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POLÍTICA CULTURAL

Em visita feita anteontem, ministro diz que instituição é "uma das que estão em pior situação"

Gil libera R$ 2,5 mi e Belas Artes terá obras emergenciais

SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO

Uma vistoria do ministro da Cultura, Gilberto Gil, ao Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, encontrou graves problemas estruturais, como infiltrações e instalações elétricas precárias. A visita foi feita anteontem, momentos antes de ser assinado o convênio que liberou uma verba de R$ 2,55 milhões para reformas emergenciais. O recurso deve ser entregue ainda esta semana.
"São muitos os museus sob a guarda do governo federal, mas posso afirmar que o Museu Nacional de Belas Artes é um dos que estão em pior situação", disse Gil.
As infiltrações podem ser vistas em todos os andares e galerias do prédio. Algumas são tão grandes que obras de arte tiveram que ser retiradas das paredes para que não fossem afetadas.
Quadros que precisam de restauração, no entanto, podem demorar mais de dez meses para retornar ao acervo do museu porque, atualmente, só há quatro restauradores trabalhando. Seriam necessários pelo menos 15.
As instalações elétricas do prédio, à primeira vista, parecem "gatos", tamanho o emaranhado de fios. A pintura está descascando em diversos pontos e são muitos os trechos do piso que se encontram rachados.
O Museu Nacional de Belas Artes guarda obras importantes que retratam a história do país, como "A Primeira Missa no Brasil" e "A Batalha dos Guararapes", de Vitor Meirelles. Criado em 1937 e inaugurado no ano seguinte, o museu foi instalado no prédio onde funcionava a Escola Nacional de Belas Artes.
Hoje, a instituição conta com 14.429 peças, reunindo uma importante coleção de arte brasileira do século 19. Além de Meirelles, a maioria dos grandes artistas nacionais desse período estão presentes nas galerias: Pedro Américo, Almeida Júnior, Rodolfo Amoedo, Rodolfo Bernardelli e Eliseu Visconti.
Segundo a direção do museu, a última grande reforma foi feita em 1991, quando foi inaugurada a galeria do século 19. Desde então, foram realizados apenas pequenos consertos localizados. "A situação é de muita precariedade. Foi mais de uma década de descaso e não é justo que a bomba caia no nosso colo", disse o secretário-executivo do MinC, Juca Ferreira.
Ele explicou que a idéia do ministério é convidar a iniciativa privada a participar da preservação dos museus da União. "Mas, para isso, precisamos dar exemplo. Como é que vamos convidar a iniciativa privada a fazer parte de instituições em situações lamentáveis?"
A precariedade das instalações elétricas é tanta que, nos últimos três meses, foram registrados dois curtos-circuitos no prédio onde funciona, no centro do Rio.


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