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POLÍTICA CULTURAL
Em visita feita anteontem, ministro diz que instituição é "uma das que estão em pior situação"
Gil libera R$ 2,5 mi e Belas Artes terá obras emergenciais
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO
Uma vistoria do ministro da
Cultura, Gilberto Gil, ao Museu
Nacional de Belas Artes, no Rio de
Janeiro, encontrou graves problemas estruturais, como infiltrações
e instalações elétricas precárias. A
visita foi feita anteontem, momentos antes de ser assinado o
convênio que liberou uma verba
de R$ 2,55 milhões para reformas
emergenciais. O recurso deve ser
entregue ainda esta semana.
"São muitos os museus sob a
guarda do governo federal, mas
posso afirmar que o Museu Nacional de Belas Artes é um dos que
estão em pior situação", disse Gil.
As infiltrações podem ser vistas
em todos os andares e galerias do
prédio. Algumas são tão grandes
que obras de arte tiveram que ser
retiradas das paredes para que
não fossem afetadas.
Quadros que precisam de restauração, no entanto, podem demorar mais de dez meses para retornar ao acervo do museu porque, atualmente, só há quatro restauradores trabalhando. Seriam
necessários pelo menos 15.
As instalações elétricas do prédio, à primeira vista, parecem
"gatos", tamanho o emaranhado
de fios. A pintura está descascando em diversos pontos e são muitos os trechos do piso que se encontram rachados.
O Museu Nacional de Belas Artes guarda obras importantes que
retratam a história do país, como
"A Primeira Missa no Brasil" e "A
Batalha dos Guararapes", de Vitor Meirelles. Criado em 1937 e
inaugurado no ano seguinte, o
museu foi instalado no prédio onde funcionava a Escola Nacional
de Belas Artes.
Hoje, a instituição conta com
14.429 peças, reunindo uma importante coleção de arte brasileira
do século 19. Além de Meirelles, a
maioria dos grandes artistas nacionais desse período estão presentes nas galerias: Pedro Américo, Almeida Júnior, Rodolfo
Amoedo, Rodolfo Bernardelli e
Eliseu Visconti.
Segundo a direção do museu, a
última grande reforma foi feita
em 1991, quando foi inaugurada a
galeria do século 19. Desde então,
foram realizados apenas pequenos consertos localizados. "A situação é de muita precariedade.
Foi mais de uma década de descaso e não é justo que a bomba caia
no nosso colo", disse o secretário-executivo do MinC, Juca Ferreira.
Ele explicou que a idéia do ministério é convidar a iniciativa privada a participar da preservação
dos museus da União. "Mas, para
isso, precisamos dar exemplo.
Como é que vamos convidar a iniciativa privada a fazer parte de
instituições em situações lamentáveis?"
A precariedade das instalações
elétricas é tanta que, nos últimos
três meses, foram registrados dois
curtos-circuitos no prédio onde
funciona, no centro do Rio.
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