DA REPORTAGEM LOCAL

Aos 84 anos, 58 deles vividos no teatro, a atriz Cleyde Yáconis diz que gostaria de atuar até os cem e que a única certeza que tem é a de que vai embora. Quer morrer na cama, despedindo-se dos amigos. As lágrimas, diz ela, são raras, talvez uma conseqüência da difícil relação com o pai, na infância.
Para alguém que diz preferir não compartilhar seus segredos íntimos, Yáconis até que permite se revelar em "Provocações", programa apresentado pelo ator e diretor Antônio Abujamra, que vai ao ar hoje à noite, na TV Cultura.
Abujamra relembra o início "por acaso" da carreira de Yáconis no teatro, em 1950, quando ela substituiu uma atriz na peça "O Anjo de Pedra", de Tennessee Williams, numa montagem do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Acompanhada da irmã, a atriz Cacilda Becker (1921-1969), havia visto o espetáculo tantas vezes que decorara as falas.
Yáconis foi então descoberta pelo diretor Zbigniew Ziembinski, iniciando uma trajetória de parcerias com Flávio Rangel, Paulo Autran, Adolfo Celi etc. O palco, diz Yáconis, é um lugar poderoso, "onde se pode enganar 300 pessoas ao mesmo tempo". O teatro substituiu o divã de psicanalista.
Hoje, conclui, ela tem mais paciência, se abre mais um pouco, deixa as pessoas se aproximarem. Como neste programa. (ES)