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BEATRIZ SEGALL
"Eu odeio a expressão terceira idade"
da Reportagem Local
O primeiro filme de Beatriz Segall, seu primeiro trabalho profissional, não existe mais. Não há
mais cópias de "A Beleza do Diabo", rodado por uma equipe de
franceses e renegado pela atriz.
Outras participações suas no cinema incluem "O Cortiço" e "À
Flor da Pele", ambos de Francisco
Ramalho Júnior.
Agora, além de voltar ao cinema,
ela começa a produzir a peça
"Amy's View", do inglês David
Hare, com estréia prevista para o
início de 99, e pode subir aos palanques eleitorais apoiando o presidente Fernando Henrique Cardoso à reeleição. A seguir, os principais trechos da entrevista sobre
o filme "Sem Pressa de Amar".
(PATRICIA DECIA)
Folha - A sra. acha que está surgindo uma maneira diferente de
ver as pessoas de 60?
Beatriz Segall - Uma mulher de
60 era uma velha caquética, caindo
aos pedaços. Hoje não. Com as vitaminas e o desenvolvimento da
farmacologia, da cosmética, da
medicina em geral e a possibilidade do aproveitamento da idade até
mais tarde, essa visão da velhice
mudou muito. Eu, por exemplo,
odeio a expressão terceira idade.
Acho altamente preconceituosa,
cerceadora de possibilidades, uma
nomenclatura muito infeliz.
Folha - O que muda diante disso?
Beatriz - Há uma imensa mudança de atitude, de aceitação da
própria idade e sobretudo da aceitação de suas possibilidades de atividade. Depois da última guerra,
houve um endeusamento da juventude. E afastou-se, alijou-se,
desconsiderou-se a experiência e a
sabedoria dos mais velhos. Como
os governos vão ter de tomar providências sobre o aumento da longevidade, vai ser preciso uma mudança de mentalidade.
Folha - A sra. vê aí alguma função da arte?
Beatriz - De divulgação talvez.
Acho que arte tem sua função social sim. Eu trabalhei muito nesse
sentido no tempo da ditadura, tivemos que usar o palco como tribuna. Nos momentos de paz social, a função da arte é muito mais
de engrandecer a alma humana.
Folha - O que espera do filme?
Beatriz - O Romeu di Sessa é
um diretor muito jovem com
quem eu ainda não trabalhei. Vi
seu primeiro filme e gostei muito.
Como também gostei desse script,
do papel e acho que ele tem uma
visão bastante boa do que quer e de
onde quer chegar. O que prova isso
para mim é a escolha dos outros
dois atores. Eu me entrego quando
é um trabalho assim.
Folha - Como a sra. vê a história
agora com o boom do Viagra?
Beatriz - Não se trata de um
machão querendo provar a sua
potência. Porque se fosse, ele iria
buscar, como faz a maioria dos
machões, as menininhas que têm
idade para ser filhas ou netas deles.
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