São Paulo, sexta, 26 de junho de 1998

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Sexo aos 60

Fabiano Accorsi/Folha Imagem
A atriz Beatriz Segall, que será Jovita no filme "Sem Pressa de Amar", de Romeu di Sessa, em seu apartamento, em São Paulo



Beatriz Segall volta ao cinema disputada por Cláudio Corrêa e Castro e Lima Duarte


PATRICIA DECIA
da Reportagem Local

Beatriz Segall volta ao cinema, após um hiato de quase duas décadas, numa história em que a idade -que ela própria não revela nunca- é fundamental. "Sem Pressa de Amar", um curta que será filmado no segundo semestre, fala de amor aos 60 anos.
Em tempos de Viagra, o conflito gira em torno de sexo, com pitadas de traição. Beatriz será a mulher entre dois homens: o marido, Cláudio Corrêa e Castro, com quem mantém relação estável, e o melhor amigo dele há 40 anos, Lima Duarte, que assume a disputa pela mulher do outro após quatro anos da própria viuvez.
"Essa disputa é altamente estimulante para a personagem e para a atriz, inclusive do ponto de vista psicológico, da possibilidade de renovação na vida e sobretudo da sensação de ainda ser capaz de provocar paixão e desejo", diz Beatriz Segall.
A atriz foi escolhida pelo diretor Romeu di Sessa exatamente porque sensualidade não é uma característica que o público associa imediatamente a ela.
"Ela não tem essa coisa fogosa, mas é cheia de poder. O legal será a sensação de surpresa, a revelação do lado feminino e frágil que não é o ângulo mais visível", diz.
Esse será o segundo filme de Sessa. O primeiro, "Átimo", de 97, ganhou o Kikito de melhor média-metragem no Festival de Gramado e três Candangos no Festival de Brasília, de melhor atriz para Mayara Magri, de melhor diretor e também de melhor filme.
Para Sessa, a direção de "Sem Pressa de Amar" obedecerá a uma única regra: delicadeza. "A sexualidade muda de importância nessa idade, não estamos tratando de moleques. É um jogo centrado na mulher, na atriz", afirma.
Beatriz, que ainda não participou de nenhuma produção do chamado "renascimento do cinema", diz estar com vontade de atuar. Ela reclama que não vem sendo convidada, mas também revela que é exigente -rejeitou um papel na semana passada.
"Eu preciso ver se me entusiasma. O que me deixa contente hoje em dia é que trabalhei o suficiente para poder escolher", diz.
Para embarcar nessa história, além dos nomes de Cláudio Corrêa e Castro e Lima Duarte, dois outros fatores pesaram. O primeiro são as nuances que ela diz ver em Jovita, a sua personagem.
O segundo é o tema, a idade transformada em longevidade, a vivência plena mesmo depois do que é estabelecido pelo senso comum e que adquire até caráter educativo.
"Aqui na América do Sul, a mulher, passou da menopausa, está acabada, não tem direito a coisa nenhuma, quando isso até fisicamente está errado. Então acho altamente educativo que se mostre personagens mais velhas -ainda mais que não há Viagra para mulher, só há para homem, não é?"



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