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DANÇA
Montpellier vê obra de Cage e Cunningham
ANA FRANCISCA PONZIO
especial para a Folha
Além de jogos de futebol, a cidade francesa de Montpellier também está sediando um dos mais
importantes eventos de dança da
Europa. Inaugurado na última segunda-feira, o Montpellier Danse
98 proporciona até 5 de julho uma
programação que inclui gênios como Merce Cunningham e novos
talentos como a brasileira Marcia
Barcellos.
Há 18 anos em atividade, o festival internacional de dança de
Montpellier apresenta hoje uma
das atrações mais festejadas da
programação de 1998. "Ocean",
espetáculo que representa o último projeto entre o coreógrafo
norte-americano Merce Cunningham e o compositor John Cage
(1912-1992), será encenado na
maior sala de espetáculos da cidade, Le Zénith, com capacidade para 6.000 pessoas.
Seguindo a concepção de Cage, a
coreografia de "Ocean" é apresentada num palco circular, com o
público em volta. Para fazer com
que a música surja de múltiplas direções, como acontece com os
sons produzidos pelos oceanos, a
trilha sonora é executada por uma
orquestra de 112 instrumentistas,
sem maestro, que fica disposta ao
redor da platéia.
Programado para estrear em
1991 num festival em Zurique
(Suíça), "Ocean" acabou cancelado temporariamente. Primeiro
porque não havia locais adequados, depois por causa da morte de
Cage.
A obra estreou finalmente em
Bruxelas em 1994, quando também houve tentativas, sem sucesso, de trazê-la ao Brasil. Sua apresentação, hoje à noite, contará
com a participação da Orquestra
Filarmônica de Montpellier Languedoc-Roussillon.
Por causa do festival de dança e
da Copa do Mundo, a pequena cidade de Montpellier, com 300 mil
habitantes, está vivendo um momento de grande agitação. Pela
primeira vez, essa cidade situada
às margens do Mediterrâneo compartilha com o futebol sua intensa
programação cultural.
Ontem, a estrela do festival foi a
paulistana Marcia Barcellos, que
vive há quase 20 anos na França,
onde é considerada um expressão
da nova dança francesa.
Ainda inédito no Brasil, o trabalho de Marcia estreará no país em
setembro, quando o Castafiore,
grupo que ela dirige em parceria
com o compositor Karl Biscuit,
realizará sua primeira turnê brasileira.
Em vez de "Anthrop (Modulo
1)", espetáculo mostrado em
Montpellier, o grupo trará o maior
sucesso de sua carreira: "Almanach Bruitax", que tem superlotado teatros na França.
Outra atração do Montpellier
Danse 98 é Mathilde Monnier, coreógrafa francesa que viveu em
Marrocos e que hoje dirige o Centro Coreográfico de Montpellier.
Amanhã, o grupo de Monnier
apresenta as coreografias "Les
Non Lieux" e "Bruit Blanc".
A programação de 22 espetáculos do festival só será interrompida na segunda-feira, para dar lugar ao jogo entre as seleções da
Alemanha e do México.
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