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Heroína humana é trunfo de "Post-mortem"
da Redação
O apreciador de romances policiais tem pelo menos duas boas razões para comprar, ler e guardar
"Post-mortem", de Patricia Cornwell, editado no Brasil pela Companhia das Letras.
A primeira é o puro prazer da leitura, que corre fácil pelas aventuras da legista-chefe de Richmond,
Kay Scarpetta. A história é bem organizada, e a descoberta do criminoso acontece em função de indícios que vão sendo apresentados
ao longo da trama -nada de um
gênio investigativo, de repente,
juntar alhos com bugalhos para
montar uma teoria maluca e... voilà: o culpado é o mordomo!
A outra razão é histórica. Chegando ao Brasil depois de outras
obras de Cornwell, "Post-mortem"
é, na verdade, o seu romance de estréia. Foi com ele que a escritora,
uma ex-jornalista de 42 anos, hoje
assídua frequentadora das listas de
best sellers, começou a ser reconhecida no mundo da ficção.
E que reconhecimento: lançado
em 1990, "Post-mortem" é o único
romance a levar, no mesmo ano, os
prêmios Edgar, Creasy, Anthony e
Macavity, além do francês Prix du
Roman d'Aventurei.
A principal razão das conquistas
deve ser a bem montada personagem principal, Kay Scarpetta, heroína de dimensões humanas
-pode ser a vizinha do lado.
Quarentona, divorciada, tem
problemas de relacionamento com
a família, adora a sobrinha geniazinha. Profissional altamente competente, enfrenta a dificuldade de
ter de vencer em um mundo eminentemente masculino.
Num momento, é dura, ágil, cerebral, desmontando argumentos
ou desenredando pistas; noutro,
derrama suas emoções numa briga
por telefone com a mãe.
Além de Scarpetta, Cornwell
apresenta no romance de estréia
personagens que vão acompanhar
a legista em suas aventuras futuras.
O grosseiro sargento Marino, policial de hábitos pouco saudáveis,
com quem ela se desentende, mas
em quem acaba confiando. O perito do FBI em perfis psicológicos,
Benton Wesley, que aqui tem passagem pouco significativa, mas
que ganhará importância em outras histórias. E Lucy, a sobrinha
de 10 anos, gênio em informática.
A história em si é como qualquer
outra de romance policial: há um
crime -no caso, uma série de crimes- por desvendar. Um assassino serial mata mulheres com requintes de crueldade.
O principal parceiro de Scarpetta
nas investigações, Marino, já tem
um culpado no bolso do colete. A
legista não concorda. Mas esse é o
menor dos problemas com os
quais ela tem de lidar na investigação -há um chefe cheio de más
intenções e até uma invasão no
computador do departamento.
Apesar do estresse, ela tudo enfrenta e ainda tem tempo de fazer
comida (a habilidade culinária é
outra das marcas da personagem.
No ano passado, Cornwell chegou
a lançar um livro, "Scarpetta's
Winter Table", dedicado à celebração alimentar das festas de fim-de-ano). Nada muito sofisticado, talvez por ser o romance de estréia. É
uma pizza, mas que dá vontade de
pegar um pedacinho, ah, isso dá.
(RL)
Livro: Post-mortem
Autora: Patricia Cornwell
Lançamento: Companhia das Letras
Quanto: R$ 27 (344 págs.)
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