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ARTE PÚBLICA
Trabalho do artista plástico Rui Amaral, iniciado em 1991, é localizado entre Paulista e Dr. Arnaldo, em SP
Mural entre avenidas ganha revitalização
ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO
Uma contradição em si mesma,
a obra de arte em espaços públicos é parte do dia-a-dia da população que por ela passa, ao mesmo
tempo em que quase sempre é
uma total desconhecida de quem
a vê todo dia.
Quem fez, quando fez, por que
fez? Se isso já é difícil no caso de
obras compradas e mantidas
-bem ou mal- pelos governos,
no caso das intervenções realizadas por conta e risco próprios dos
artistas a incógnita tende a se agigantar.
Um desses casos são os desenhos estampados nos muros da
ligação subterrânea entre as avenidas Paulista e Doutor Arnaldo,
em São Paulo, esboçados em 1991
pelo artista plástico Rui Amaral, e
que hoje são parte da paisagem da
região.
"Em forma de grafite mesmo,
numa madrugada, com uma lata
de tinta preta, um bambu com um
rolo grande amarrado na ponta,
sozinho rabisquei toda a parede, e
ocupei pela primeira vez", lembra
o artista.
Treze anos depois, o que hoje
Rui prefere chamar de mural
("grafite para mim só é verdadeiro quando não é permitido; quando autorizado é um mural, o que é
muito válido e necessário") ganha
restauração apoiada pela Prefeitura de São Paulo e por empresas
de tinta e pincéis.
O mural começou a estabelecer
sua forma atual em 1994, quando
Rui conseguiu pela primeira vez
permissão da prefeitura para pintar o mural sobre o grafite já executado por ali. "A raiz do meu trabalho como artista é usar a cidade
como suporte", diz.
Para a restauração de agora, foram recebidos mais 270 litros de
tinta acrílica, dadas pela empresa
Suvinil, que também emprestou
os andaimes, além de pincéis doados pela Tigre, um pôster pago
por um galerista de Nova York e
dez voluntários do Liceu de Artes
e Ofícios.
A mão-de-obra também inclui
"amigos e voluntários que trabalham na minha produtora multimídia, a Artbr", segundo as contas de Rui Amaral.
A chancela oficial casa também
com a Operação Belezura proclamada pela prefeita Marta Suplicy
em 2001. Para o artista, no entanto, "o grafite, da forma como eu o
denomino, nunca terá o apoio do
poder público. Vejo o grafite como uma forma de protesto", esclarece. "A arte de rua ou arte pública ou arte ambiental é outra
história", diz.
A reforma é realizada aos domingos. Estão previstos oito dias
de trabalho, sendo que três deles
já foram cumpridos. Toda a restauração está sendo registrada em
vídeo e fotografada. Para Rui, o
material caracteriza "um "reality
show" com temática social, cultural e educativa".
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