São Paulo, quinta-feira, 26 de agosto de 2004
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LITERATURA Livros com temática sexual vendem bem e ganham destaque em lojas Pornografia invade livrarias dos EUA
EDWARD WYATT DO "NEW YORK TIMES" As estrelas pornôs talvez não mantenham muita coisa escondida, mas, quaisquer que sejam os segredos preservados, eles chegaram às prateleiras das livrarias. Uma onda de livros de confissões e auto-ajuda escritos por antigas e atuais estrelas de filmes pornográficos está tomando as livrarias de assalto, acompanhada por romances eróticos, guias ousados de instrução sexual, histórias de costumes sexuais específicos e trabalhos fotográficos sobre o mundo pornô. Embora muitas livrarias mantenham há bastante tempo seções dedicadas ao erotismo ou à sexualidade, esse tipo de livro raramente conquistou posições tão proeminentes quanto as dadas a alguns dos títulos atuais, que vêm disputando espaço nos balcões de exibição mais importantes das grandes cadeias de livrarias. Cada geração tem um ou dois livros que geram debates candentes sobre a queda nos padrões morais diante da permissividade. Mas a recente leva de livros sobre sexo, surgidos num momento em que imagens sexuais já dominam a publicidade, o entretenimento e a internet, claramente encontra uma grande audiência. As editoras, de sua parte, insistem que não estão simplesmente publicando um monte de sacanagem. "Não publico pornografia", disse Judith Regan, editora-chefe da ReganBooks, divisão da HarperCollins. "Publico livros bem sacados sobre sexo. Muita gente tenta imitar o que faço, mas não consegue." A mais recente oferta de Regan é "How to Make Love Like a Porn Star: A Cautionary Tale" (Fazendo Amor como uma Estrela Pornô: Um Alerta), livro de memórias de Jenna Jameson, provavelmente a mulher mais bem-sucedida no mundo dos filmes adultos, escrito com a ajuda de Neil Strauss, ex-repórter e crítico de música do diário "The New York Times". O livro, que já está galgando as listas de best-sellers, é longo (579 págs.), explícito (com descrições de uma salada de frutas sexual completa) e repleto de fotos que em geral exibem Jameson nua (o que levou algumas lojas, entre as quais a rede de supermercados Wal-Mart, a recusar o produto). Também a caminho das livrarias no quarto trimestre temos "XXX: 30 Porn-Star Portraits" (XXX: 30 Retratos de Estrelas Pornôs), do fotógrafo Timothy Greenfield-Sanders, com introdução de Gore Vidal e ensaios sobre a interseção entre pornografia e cultura de autoria de nomes como Salman Rushdie, John Malkovich e outros. Para os interessados em história, há "The Intimate History of the Orgasm" (História Íntima do Orgasmo), da Grove Press, bem como histórias da prostituição (Grove) e da indústria do cinema pornô (ReganBooks), já nas lojas ou prontos para lançamento. A Atria Bookshas acaba de lançar "Star" (Estrela), romance da atriz Pamela Anderson com uma capa reversível na qual a parte interna oferece uma foto da autora nua. A Grove também vai lançar "Cem Escovadas Antes de Ir para Cama" (Objetiva), memórias sexuais da adolescente italiana Melissa Panarello, e a ReganBooks pretende rebater com "The Surrender" (A Rendição), o relato de uma ex-bailarina sobre seu despertar espiritual por meio do sexo anal. Até alguns romances comerciais estão atraindo atenção devido ao conteúdo sexual ousado, como "I Am Charlotte Simons", de Tom Wolfe, que será lançado em breve e relata a obsessão dos universitários por sexo e cerveja. "O sexo vende hoje em dia", diz Judith Curr, editora da Atria Books e da Washington Square Press, divisões da Simon & Schuster que publicam Zane (autora não-identificada de alguns dos best-sellers eróticos). "Quando os editores vêem esse tipo de tendência, todo mundo quer chegar ao mercado." A recente safra de livros de apelo sexual foi deflagrada, há dois anos, pelo sucesso de "A Vida Sexual de Catherine M." (Ediouro), da crítica de arte francesa Catherine Millet. O livro teve críticas medíocres, mas ocupou a lista de best-sellers do "Times" por nove semanas. Bob Wietrak, vice-presidente da rede de livrarias Barnes & Noble, disse que, embora a literatura erótica tenha mercado há anos, a grande diferença agora é que provêm de autores conhecidos. "O que estamos vendo são romances não só sexy, mas sofisticados." A sofisticação gerou maior aceitação, diz, e a demanda resultou em melhor colocação nas livrarias. Tradução Paulo Migliacci Texto Anterior: Mundo gourmet: Plaza del Tablao imerge na cozinha espanhola Próximo Texto: Cinema: Alemanha derruba tabu nacional e leva Adolf Hitler às telas Índice |
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