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ARTES CÊNICAS
Grupo mineiro consegue espaço em BH, que é inaugurado hoje, para acomodar acervo de 800 marionetes
Bonecos do Giramundo vão ao museu
CYNARA MENEZES
DA REPORTAGEM LOCAL
O Giramundo girou, girou e até
que enfim achou seu lugar: o grupo mineiro de teatro de bonecos
inaugura hoje, em Belo Horizonte, seu museu. E "giro", aí, não é
metáfora. Nos últimos anos, os
800 bonecos do acervo do grupo
ficaram zanzando em busca de
um canto onde pudessem se acomodar e ser exibidos para o público que os acompanha há 31 anos,
ou para quem os quiser conhecer.
O périplo do Giramundo começou em 1993, quando se iniciam
as negociações para a instalação
do museu em Belo Horizonte.
Sem apoio dos órgãos públicos, o
grupo desiste de BH e passa a negociar com a Prefeitura da cidade
de Lagoa Santa; também não dá
certo. Em seguida, chega-se a fazer um projeto arquitetônico para
o museu em Ouro Preto.
Enquanto isso, os pobres bonecos eram despejados de sua "casa" na Universidade Federal de
Minas Gerais, com a qual o grupo
mantinha um convênio. Transferidos às pressas para um teatro,
eles aguardaram o desenrolar do
imbróglio: Ouro Preto foi trocada
por Cataguases, e esta, por sua
vez, por Belo Horizonte -um
dos fundadores do grupo, Álvaro
Apocalypse, cedeu um terreno
seu, e uma empresa de engenharia doou um galpão para o museu.
"Ainda não é o ideal, mas está se
tornando, aos poucos", diz Marcos Malafaia, integrante do grupo
há 15 anos e que coordena a montagem do Museu Giramundo.
Além de exibir os bonecos utilizados em 27 espetáculos, o museu, que terá como anexo uma Escola de Artes do Marionete, pretende incentivar este tipo de teatro, pouco difundido no Brasil.
"Nas Américas, o teatro de bonecos é mais desenvolvido nos países de língua espanhola", diz Malafaia. "Eles têm uma literatura
própria e uma tradição de teatros
ambulantes, como na Europa."
Falta ao Brasil, segundo ele,
também uma regularidade nos
eventos dedicados ao teatro de
marionetes, o que possibilitaria
aos grupos viver do próprio trabalho. "Na Europa, eles podem
circular, se reproduzir, isso melhora a qualidade do trabalho."
O Museu Giramundo vai explorar a tradição do grupo na confecção de seus bonecos, que percorrem todos os gêneros: marionetes
clássicas, manipuladas por fios; a
marionete de luva; a de varetas,
manipulada por baixo; e a de balcão, por trás. Há bonecos de tamanhos variados: desde os pequeninos, com 30 cm, até os
maiores, de até 3 m de altura.
Os bonecos são, em sua maioria, feitos em madeira, material
considerado ideal para as marionetes de pequeno porte, mas pesado para as maiores. São usados,
então, no acabamento, materiais
como isopor, poliuretano e fibra
de vidro. Só no início foi utilizado
o papel machê, abandonado por
questões de conservação.
Um diferencial do Giramundo é
que seu teatro nem sempre esteve
voltado para o público infantil,
como normalmente acontece no
mundo das marionetes. Montaram "A Bela Adormecida" (1970)
e "Pedro e o Lobo" (1993), para as
crianças; mas fizeram também "O
Diário" (1997), "Orixás" (2001) e
"Cobra Norato" (1978) -com o
qual ganharam o prêmio da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), em 1979. "Pedro" e
"Cobra" serão exibidos no mês
que vem em São Paulo.
Na inauguração, hoje à noite,
será lançado o livro "Dramaturgia
para a Nova Forma do Marionete", de Álvaro Apocalypse, já como primeiro volume editado pelo
grupo na Escola de Marionetes, e
o vídeo "Giramundo - Uma História de Títeres e Marionetes", dirigido por Mariana Tavares.
MUSEU GIRAMUNDO. Inauguração
hoje, para convidados, e amanhã,
entrada grátis; das 10h às 17h, de quarta
a domingo. Onde: r. Varginha, 235,
Floresta, Belo Horizonte, tel. 0/xx/31/
3446-0686. Quanto: R$ 3.
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