São Paulo, quinta-feira, 26 de setembro de 2002

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"Apocalipse" sempre quis Carandiru

DA REPORTAGEM LOCAL

Desde o início do processo de criação, em 1999, a ambição do Teatro da Vertigem era montar "Apocalipse 1,11" no Complexo do Carandiru.
Mais: durante meses, os atores realizaram oficinas com presos para que alguns deles participassem da montagem no coro de policiais.
O projeto não vingou, entre outros motivos, por questões de segurança interna e a sucessão de rebeliões. O presídio desativado do Hipódromo, no Brás, foi a alternativa para estrear o espetáculo em 2000.
Segundo o diretor Antônio Araújo, a possibilidade de remontar o espetáculo no próprio Carandiru foi cogitada pelos assessores da própria Secretaria da Administração Penitenciária, com quem o grupo tenta negociar temporada de um mês.
O cronograma previsto para a trilogia bíblica é o seguinte: "Apocalipse 1,11" (estréia em 5/11), "O Livro de Jó" (dezembro) e "O Paraíso Perdido" (janeiro ou fevereiro).
Em junho passado, o Vertigem apresentou seu último espetáculo no festival Theater der Welt (Teatro do Mundo), que teve como um das suas sedes a cidade de Colônia, na Alemanha.
Segundo Araújo, "Apocalipse 1,11" foi encenado pela primeira vez em um presídio ativo, com suas alas masculinas e femininas, inclusive com área de segurança máxima. "Fizemos duas sessões somente para os presos. E nas demais havia público médio de 90 pessoas, todas revistadas antes de entrar no local", afirma Araújo.
"Em alemão, "Knast" (prisão) é quase um anagrama de "Kunst" (arte). Em Colônia, podemos no máximo pressentir o significado deste drama no Brasil e para o Brasil -e, por alguns horrendos segundos, sentimos seu choque no próprio corpo", escreveu o crítico Andreas Rossmann, do jornal "Frankfurter Allgemeine Zeitung". (VS)


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