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"Apocalipse" sempre quis Carandiru
DA REPORTAGEM LOCAL
Desde o início do processo de
criação, em 1999, a ambição do
Teatro da Vertigem era montar
"Apocalipse 1,11" no Complexo
do Carandiru.
Mais: durante meses, os atores
realizaram oficinas com presos
para que alguns deles participassem da montagem no coro de policiais.
O projeto não vingou, entre outros motivos, por questões de segurança interna e a sucessão de
rebeliões. O presídio desativado
do Hipódromo, no Brás, foi a alternativa para estrear o espetáculo em 2000.
Segundo o diretor Antônio
Araújo, a possibilidade de remontar o espetáculo no próprio Carandiru foi cogitada pelos assessores da própria Secretaria da Administração Penitenciária, com
quem o grupo tenta negociar temporada de um mês.
O cronograma previsto para a
trilogia bíblica é o seguinte: "Apocalipse 1,11" (estréia em 5/11), "O
Livro de Jó" (dezembro) e "O Paraíso Perdido" (janeiro ou fevereiro).
Em junho passado, o Vertigem
apresentou seu último espetáculo
no festival Theater der Welt (Teatro do Mundo), que teve como
um das suas sedes a cidade de Colônia, na Alemanha.
Segundo Araújo, "Apocalipse
1,11" foi encenado pela primeira
vez em um presídio ativo, com
suas alas masculinas e femininas,
inclusive com área de segurança
máxima. "Fizemos duas sessões
somente para os presos. E nas demais havia público médio de 90
pessoas, todas revistadas antes de
entrar no local", afirma Araújo.
"Em alemão, "Knast" (prisão) é
quase um anagrama de "Kunst"
(arte). Em Colônia, podemos no
máximo pressentir o significado
deste drama no Brasil e para o
Brasil -e, por alguns horrendos
segundos, sentimos seu choque
no próprio corpo", escreveu o crítico Andreas Rossmann, do jornal
"Frankfurter Allgemeine Zeitung".
(VS)
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