BRUNO YUTAKA SAITO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

À primeira vista, parece que a história de Davi e Golias está sendo contada novamente, desta vez com dois programas infantis da TV Cultura. Segundo dados do Ibope de 2 a 8/9, a modesta produção "Turma do Pererê" -que teve um custo de R$ 1,5 milhão- foi o quinto programa mais assistido da emissora, enquanto a superprodução "Ilha Rá-Tim-Bum" -orçada em R$ 10 milhões- nem chegava a figurar no ranking.
Em medições do Ibope a partir de julho -mês em que "Ilha" começou a ser exibido-, o infantil também não consta entre os cinco primeiros. Sinal de que o programa, a grande aposta da emissora neste ano, não está correspondendo às expectativas?
Segundo o presidente da Fundação Padre Anchieta e administrador da TV Cultura, Jorge da Cunha Lima, os dados do Ibope não refletem a realidade e precisam ser contextualizados.
"Há dois anos, tínhamos perfis baixos de audiência e fizemos uma reação para superar essa crise. Começamos a investir na programação de fim de semana e a audiência melhorou", diz Lima.
Para ele, é incorreto comparar índices de "Ilha", que é exibido durante a semana, e "Pererê", atração de sábado, dia com audiência tradicionalmente maior.
"Ilha" é um sucesso, mas muita gente ainda não o conhece. É bobeira compará-lo com programas mais tradicionais", diz o coordenador do núcleo de pesquisas da Cultura, Carlos Novaes. "Ilha" não está nessa medição, mas se olharmos o "share" [porcentagem de aparelhos ligados que estão sintonizados no canal] de 2000 e o de hoje, tivemos um aumento na faixa. Estamos satisfeitos."
Já Sônia Garcia, diretora de "Pererê" -uma produção da TVE/ Rede Brasil-, acredita que "Ilha" ainda não "acertou o tom". "Castelo Rá-Tim-Bum" tinha uma busca maior de conteúdo", diz.