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TV
Apresentador nega ter visto, antes da exibição, a entrevista com os falsos membros do PCC; inquérito aponta farsa
Em depoimento, Gugu responsabiliza o SBT
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A polícia informou ontem que o
apresentador de TV Gugu Liberato disse, em depoimento, que é
apenas funcionário do SBT e que
a responsabilidade sobre o conteúdo veiculado no programa é da
emissora.
Gugu foi o último a ser ouvido
no inquérito do Deic (Departamento de Investigações sobre o
Crime Organizado), encerrado
ontem, que concluiu que foi uma
farsa a entrevista veiculada no
programa "Domingo Legal", onde dois supostos integrantes do
PCC (Primeiro Comando da Capital) aparecem ameaçando autoridades e artistas.
Segundo o delegado Alberto Pereira Matheus, Gugu admitiu que
pedira à produção do programa a
realização de uma reportagem sobre ameaças do PCC ao padre
Marcelo. Mas negou ter visto a
gravação antes da exibição.
Segundo o promotor Márcio
Christino, do Gaeco (Grupo de
Atuação Especial de Repressão ao
Crime Organizado), Gugu chegou
a dizer que não concordaria com
a veiculação se tivesse visto a reportagem, que classificou como
um "absurdo".
"Quem monta o programa é a
emissora. Gugu apenas apresenta", reforçou o advogado do apresentador, Adriano Salles Vanni. O
advogado, no entanto, afirmou
que Gugu não culpou o SBT nem
sua equipe. "Ele disse que sua
equipe é muito competente e que
só pode acreditar que ela tenha sido enganada."
Gugu foi o único envolvido a
não ser indiciado pela polícia.
Uma liminar concedida pela Justiça impediu que ele fosse responsabilizado formalmente nessa fase da investigação.
O repórter Wagner Maffezzoli e
o produtor Rogério Casagrande,
do "Domingo Legal", porém, foram indiciados pela polícia no artigo 16 da Lei de Imprensa -publicar ou divulgar notícias falsas
ou fatos verdadeiros truncados ou
deturpados.
Hamilton Tadeu dos Santos, o
Barney, contratado para produzir
a reportagem, e os atores Wagner
Faustino, o Alfa, e Antonio Rodrigues da Silva, o Beta -que aparecem encapuzados dizendo-se integrantes do PCC- foram indiciados por apologia ao crime.
Para o promotor, as declarações
de Gugu, mesmo que sejam verdadeiras, não o redimem da responsabilidade de ter veiculado a
reportagem. "A conduta criminosa [prevista no artigo 16] é exibir.
Gugu comandava o programa,
portanto, também é responsável",
disse o promotor.
O apresentador não deve nem
responder processo na Justiça. O
caso dele se enquadra na lei 9.099
-o acusado primário que cometer crime leve terá o processo extinto se concordar em pagar uma
sanção, que pode ser valor ou serviço à comunidade. O caso irá para Osasco, por ser a sede do SBT.
Gugu evitou a imprensa. Entrou
por uma porta lateral do Deic.
O SBT informou que não iria se
pronunciar sobre o caso.
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