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Pais e filhos seguem trilha do metal
TARSO ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A divulgação do Chimera Music
Festival preocupava-se em destacar que crianças de 10 a 14 anos
acompanhadas poderiam entrar.
Não era para menos. A maioria
das 17 mil pessoas presentes no
Anhembi, na sexta, era adolescente, fãs da banda americana Slipknot, principal atração da noite.
Mesmo entre os que poderiam
entrar sozinhos, muitos carregaram seus pais, velhos amantes do
heavy-metal, estilo musical ligado
a todos os convidados do evento,
que também teve os brasileiros
Korzus, Chipset Zero e Sepultura.
"Ele pediu para vir assim que
soube que era o Slipknot", contou
a personal trainer Andréa Cullen,
37, sobre o filho Pedro Cullen, de
apenas 10. Ela e o marido Dario
Furghieri acompanharam Pedro
e um amigo, todos com camisa da
banda. "São todas minhas", lembra Pedro, que apresentou as músicas ao pai. "Gosto do som. Sou
metaleiro das antigas, ouvia Black
Sabbath", diz Furghieri.
Outros andavam em grupos
grandes, como o estudante Fabiano Gomes, 17, que veio com 12
amigos de São Bernardo do Campo. Eles chegaram às seis da manhã, para ficar bem perto do palco. Sem camisa, com cabelo moicano roxo e olheiras, ele parecia
não se importar com a multidão
que o espremia contra a grade que
separava a pista, onde ele estava,
da área VIP, embaixo do palco.
"Vale tudo para ver o Slipknot de
perto", disse Gomes.
Ver é mesmo importante no
show do Slipknot. Mascarados,
seus nove músicos dão um tom
teatral à apresentação. Os percussionistas Chris Fehn e Shawn Crahan arremessam seus instrumentos no chão constantemente. Isso
quando o DJ Sid Wilson não faz
da percussão um trampolim para
saltar pelo palco.
O ponto alto da "encenação",
no entanto, aconteceu na platéia.
Na parte final do show, o vocalista
Corey Taylor pediu para todos
sentarem e foi obedecido. Ao sinal de Taylor, "Pula, pula!", em
português, os fãs levantaram-se
de uma só vez. No bis, o cantor
enrolou-se numa bandeira do
Brasil, para não fugir à regra.
Musicalmente, o Slipknot também fez tudo o que seus fãs queriam. Com um repertório de hits
capaz de segurar a animação durante os 80 minutos de show, eles
abriram com dois de seus maiores
sucessos: "Duality" e "(sic)". "Left
Behind" e "Spit It Out" também
foram cantadas em peso pelos fãs.
Antes deles, o Sepultura fez
show de uma hora e tocou músicas conhecidas, como a clássica
"Arise". A banda também apresentou a música "Convicted in Live", que estará em seu próximo
álbum. Os veteranos do Korzus e
o Chipset Zero fizeram show de
meia hora cada, a partir das 19h,
conforme anunciado. A pontualidade não ajudou quem trabalhou
na sexta-feira. Graças ao trânsito,
muita gente não viu o Korzus encerrar seu show com um cover de
"Reign in Blood", do Slayer.
O público jovem e relativamente pequeno -Whitesnake e Judas
Priest tocaram para oito mil pessoas no mesmo local e em dia de
semana, há 15 dias- não deu trabalho. Foram duas ocorrências
policiais, por uso de drogas, e a
equipe de socorro atendeu a cerca
de 150 pessoas, quase todas por
desmaio ou bebedeira.
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