São Paulo, segunda-feira, 26 de setembro de 2005

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Pais e filhos seguem trilha do metal

TARSO ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A divulgação do Chimera Music Festival preocupava-se em destacar que crianças de 10 a 14 anos acompanhadas poderiam entrar. Não era para menos. A maioria das 17 mil pessoas presentes no Anhembi, na sexta, era adolescente, fãs da banda americana Slipknot, principal atração da noite. Mesmo entre os que poderiam entrar sozinhos, muitos carregaram seus pais, velhos amantes do heavy-metal, estilo musical ligado a todos os convidados do evento, que também teve os brasileiros Korzus, Chipset Zero e Sepultura.
"Ele pediu para vir assim que soube que era o Slipknot", contou a personal trainer Andréa Cullen, 37, sobre o filho Pedro Cullen, de apenas 10. Ela e o marido Dario Furghieri acompanharam Pedro e um amigo, todos com camisa da banda. "São todas minhas", lembra Pedro, que apresentou as músicas ao pai. "Gosto do som. Sou metaleiro das antigas, ouvia Black Sabbath", diz Furghieri.
Outros andavam em grupos grandes, como o estudante Fabiano Gomes, 17, que veio com 12 amigos de São Bernardo do Campo. Eles chegaram às seis da manhã, para ficar bem perto do palco. Sem camisa, com cabelo moicano roxo e olheiras, ele parecia não se importar com a multidão que o espremia contra a grade que separava a pista, onde ele estava, da área VIP, embaixo do palco. "Vale tudo para ver o Slipknot de perto", disse Gomes.
Ver é mesmo importante no show do Slipknot. Mascarados, seus nove músicos dão um tom teatral à apresentação. Os percussionistas Chris Fehn e Shawn Crahan arremessam seus instrumentos no chão constantemente. Isso quando o DJ Sid Wilson não faz da percussão um trampolim para saltar pelo palco.
O ponto alto da "encenação", no entanto, aconteceu na platéia. Na parte final do show, o vocalista Corey Taylor pediu para todos sentarem e foi obedecido. Ao sinal de Taylor, "Pula, pula!", em português, os fãs levantaram-se de uma só vez. No bis, o cantor enrolou-se numa bandeira do Brasil, para não fugir à regra.
Musicalmente, o Slipknot também fez tudo o que seus fãs queriam. Com um repertório de hits capaz de segurar a animação durante os 80 minutos de show, eles abriram com dois de seus maiores sucessos: "Duality" e "(sic)". "Left Behind" e "Spit It Out" também foram cantadas em peso pelos fãs.
Antes deles, o Sepultura fez show de uma hora e tocou músicas conhecidas, como a clássica "Arise". A banda também apresentou a música "Convicted in Live", que estará em seu próximo álbum. Os veteranos do Korzus e o Chipset Zero fizeram show de meia hora cada, a partir das 19h, conforme anunciado. A pontualidade não ajudou quem trabalhou na sexta-feira. Graças ao trânsito, muita gente não viu o Korzus encerrar seu show com um cover de "Reign in Blood", do Slayer.
O público jovem e relativamente pequeno -Whitesnake e Judas Priest tocaram para oito mil pessoas no mesmo local e em dia de semana, há 15 dias- não deu trabalho. Foram duas ocorrências policiais, por uso de drogas, e a equipe de socorro atendeu a cerca de 150 pessoas, quase todas por desmaio ou bebedeira.

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