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Weezer correm bem no vácuo do Pixies
BRUNO YUTAKA SAITO
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA
A primeira noite do Curitiba
Rock Festival, anteontem, e sua
principal atração -os americanos Weezer- tinham uma missão impossível pela frente. Afinal,
o evento acontecia após a histórica passagem dos também americanos Pixies pela edição 2004. Na
escala de valores do rock alternativo, é como tocar após os Beatles.
Se tudo indicava que o festival
andava para trás e diminuía seu
porte, ao sair da pedreira Paulo
Leminski, o resultado mostrou-se
favorável, ganhando em funcionalidade com o Curitiba Master
Hall, já que a venda de ingressos
não correspondeu às expectativas
(cerca de 8.000 pessoas viram o
Pixies na Pedreira; no Weezer, a
casa lotada recebeu 3.500).
No palco e na platéia, desembarcavam pessoas de várias partes
do Brasil. "Estou aqui não apenas
pelo Weezer, mas, sim, pela viagem. Curitiba é um lugar bonito, e
a comida e a bebida são mais baratas", disse o artista gráfico paulista Rodrigo Pinho, 28.
Os brasileiros escalados para o
festival também corriam contra o
tempo. Nenhuma das sete bandas
que tocaram antes do Weezer teve
direito a passagem de som. Biônica, Cidadão Instigado e Acabou la
Tequila fizeram bons shows.
Já o Weezer mostrou que sua fama de "loser" (mal-sucedido) é
apenas um mito. O grupo começou a apresentação com "My Name Is Jonas". A partir daí, foi um
show em que não houve um único
momento de descanso -todos os
hits estavam lá, vários do começo
da carreira: "In the Garage", "Say
It Ain't So", "Buddy Holly", "Tired of Sex", "El Scorcho" etc. Afinal, na linha evolutiva recente, o
Weezer está atrás do Pixies e Nirvana, antecipando o emocore, o
rock com "emoção"; era um show
que indies do Brasil esperavam há
quase 11 anos. Ou seja, coisas de
tesão reprimido, bem a calhar para o vocalista Rivers Cuomo, sujeito que diz não transar há anos.
Se ele é encanado com contato
humano íntimo, esbanja contato
com a platéia. Já na parte final do
show, foi ao mezanino e tocou
"Island in the Sun", em meio ao
público, no violão. Embasbacada
com a resposta dos brasileiros, a
banda chama alguém da audiência que soubesse tocar "Undone -The Sweater Song" ao violão. Subiu um menino que, após se atrapalhar em certa altura da música,
foi ajudado por Cuomo.
Quem se interessa sobre a vida
íntima de seus ídolos, teve neste
show a idéia de para onde vai toda
a energia de Cuomo. Melhor que
Pixies? Basta dizer que a história
foi feita novamente em Curitiba.
O jornalista Bruno Yutaka Saito viaja a
convite do Curitiba Rock Festival
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