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TV
Canal investe em intercâmbio com a África para abordar a cultura afro-brasileira
Futura terá repórter em Moçambique
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Na contramão das TVs comerciais, o canal Futura terá, a partir
de 2006, um correspondente em
Moçambique. É a primeira vez
que uma emissora brasileira
mantém um jornalista no país
africano, de acordo com Lúcia
Araújo, gerente-geral da rede.
Moçambicana, Yara Costa Pereira, 24, mora no Brasil há cinco
anos e se formou em jornalismo
pela Universidade Federal Fluminense (RJ). Quando optou pela
carreira, não havia curso superior
de comunicação em sua terra natal. O primeiro, ainda precário segundo ela, foi aberto há dois anos.
A partir de um convênio entre
os governos brasileiro e moçambicano, Yara mudou-se para o Rio
de Janeiro. Fez faculdade e, em
maio deste ano, tornou-se estagiária do Futura. Em Moçambique, trabalhará na emissora STV
(do grupo Sóico - Sociedade Independente de Comunicação), que
firmou convênio com o Futura.
"O intercâmbio é importante
para adquirir experiência de um
canal voltado à educação e cultura, assuntos ainda muito incipientes em Moçambique", diz Yara.
Segundo ela, a região conta
atualmente só com duas redes nacionais de televisão. "Ter a oportunidade de levar ao meu país,
que atravessa um momento de
desenvolvimento, o jeito de fazer
TV social é fundamental", afirma.
A iniciativa do Futura faz parte
de um projeto de programação
voltado à cultura afro-brasileira.
Dentre os programas da série,
chamada "Da Cor da Cultura", está o "Heróis de Todo Mundo",
que estréia nesta quarta-feira.
Negros que se destacaram em
diversas áreas no passado são interpretados por famosos de hoje.
A atriz Taís Araujo será a poeta
Auta de Souza (1876-1901), do Rio
Grande do Norte. Morta por tuberculose aos 24 anos, ela teve
tempo de escrever apenas um livro, "Horto", que a consagrou.
Haverá também o artista plástico
Emanoel Araújo no papel de Aleijadinho, o compositor Jards Macalé como Mário de Andrade, o
sambista Martinho da Vila na pele
de Zumbi dos Palmares, e outros.
O projeto foi idealizado pelo Cidan (Centro Brasileiro de Informação e Documentação do Artista Negro), criado por Zezé Motta.
Além de ir ao ar pelo Futura, a
série "Da Cor da Cultura" integrará um kit a ser distribuído em
mais de 2.000 escolas públicas,
com 56 programas de TV em vídeo, livros, CD e jogos. A distribuição tem como objetivo colocar
em prática lei assinada em 2003
pelo presidente Lula, que torna
obrigatório o ensino escolar sobre
história e cultura afro-brasileiras.
O canal Futura, da Fundação
Roberto Marinho, completou oito anos na última quinta-feira.
Vai ao ar por antena parabólica
(12 milhões de domicílios no
país), pelas operadoras de TV paga Net, Sky e Vivax e em nove
emissoras abertas em UHF.
Seu orçamento anual é de R$ 22
milhões, garantidos por empresas
privadas. É um quinto do da TV
Cultura, majoritariamente mantida por verba do governo de SP.
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