São Paulo, segunda-feira, 26 de setembro de 2005

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TV

Canal investe em intercâmbio com a África para abordar a cultura afro-brasileira

Futura terá repórter em Moçambique

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Na contramão das TVs comerciais, o canal Futura terá, a partir de 2006, um correspondente em Moçambique. É a primeira vez que uma emissora brasileira mantém um jornalista no país africano, de acordo com Lúcia Araújo, gerente-geral da rede.
Moçambicana, Yara Costa Pereira, 24, mora no Brasil há cinco anos e se formou em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (RJ). Quando optou pela carreira, não havia curso superior de comunicação em sua terra natal. O primeiro, ainda precário segundo ela, foi aberto há dois anos.
A partir de um convênio entre os governos brasileiro e moçambicano, Yara mudou-se para o Rio de Janeiro. Fez faculdade e, em maio deste ano, tornou-se estagiária do Futura. Em Moçambique, trabalhará na emissora STV (do grupo Sóico - Sociedade Independente de Comunicação), que firmou convênio com o Futura.
"O intercâmbio é importante para adquirir experiência de um canal voltado à educação e cultura, assuntos ainda muito incipientes em Moçambique", diz Yara.
Segundo ela, a região conta atualmente só com duas redes nacionais de televisão. "Ter a oportunidade de levar ao meu país, que atravessa um momento de desenvolvimento, o jeito de fazer TV social é fundamental", afirma.
A iniciativa do Futura faz parte de um projeto de programação voltado à cultura afro-brasileira. Dentre os programas da série, chamada "Da Cor da Cultura", está o "Heróis de Todo Mundo", que estréia nesta quarta-feira.
Negros que se destacaram em diversas áreas no passado são interpretados por famosos de hoje. A atriz Taís Araujo será a poeta Auta de Souza (1876-1901), do Rio Grande do Norte. Morta por tuberculose aos 24 anos, ela teve tempo de escrever apenas um livro, "Horto", que a consagrou. Haverá também o artista plástico Emanoel Araújo no papel de Aleijadinho, o compositor Jards Macalé como Mário de Andrade, o sambista Martinho da Vila na pele de Zumbi dos Palmares, e outros.
O projeto foi idealizado pelo Cidan (Centro Brasileiro de Informação e Documentação do Artista Negro), criado por Zezé Motta.
Além de ir ao ar pelo Futura, a série "Da Cor da Cultura" integrará um kit a ser distribuído em mais de 2.000 escolas públicas, com 56 programas de TV em vídeo, livros, CD e jogos. A distribuição tem como objetivo colocar em prática lei assinada em 2003 pelo presidente Lula, que torna obrigatório o ensino escolar sobre história e cultura afro-brasileiras.
O canal Futura, da Fundação Roberto Marinho, completou oito anos na última quinta-feira. Vai ao ar por antena parabólica (12 milhões de domicílios no país), pelas operadoras de TV paga Net, Sky e Vivax e em nove emissoras abertas em UHF.
Seu orçamento anual é de R$ 22 milhões, garantidos por empresas privadas. É um quinto do da TV Cultura, majoritariamente mantida por verba do governo de SP.


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