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33º "Asterix" é anunciado com pompa
JEAN-PIERRE STROOBANTS
DO "LE MONDE"
Um menir de seis toneladas na
Grand-Place de Bruxelas, transformada em aldeia gaulesa; um
banquete histórico, um cortejo de
gigantes, um selo e uma moeda
lançados para celebrar a ocasião;
dois aviões da linha aérea SN Belgium decorados com os heróis
franceses dos quadrinhos: a publicidade orquestrada para o lançamento do 33º título das aventuras de Asterix e Obelix é sutil como um rebanho de javalis dopados com poção mágica.
Apoiada pelo governo municipal e inumeráveis patrocinadores
privados, a Editions Albert-René
pensou grande, como se Harry
Potter tivesse chegado ao país do
Tintin e do Manneken Pis vestido
de Obelix para a ocasião.
Uma exposição de 2.000 m2 destacando 44 inéditos de Uderzo e
1.800 objetos ligados à série de
quadrinhos também abriu as portas no centro Tours et Taxis, uma
antiga fábrica da cidade. Em 2006,
a mostra segue para Lyon, capital
dos gauleses, e depois para outros
países da Europa e para Montreal.
Resta o essencial: o livro em si.
Confirmando que essa operação
gigantesca de marketing, que pretensamente tem funções apenas
celebratórias, não é mais que uma
produção com fins comerciais, a
editora só mostrou a capa do trabalho, na última quarta-feira, durante uma entrevista coletiva com
Albert Uderzo. Os jornalistas não
puderam ver mais que uma reprodução da capa, que retoma o
desenho do primeiro título da série "Asterix". O novo livro se chama "Le Ciel Lui Tombe Sur La Tête" [o céu cai sobre sua cabeça],
na versão francesa, e "A Arma Secreta", na versão flamenga.
A estratégia de promoção adotada ocultou todos os detalhes sobre a história até 14 de outubro,
data em que oito milhões de
exemplares -3,1 milhões dos
quais em francês- chegarão ao
varejo em toda a Europa.
Visivelmente incomodado pelos jornalistas que queriam saber
por que a apresentação do novo
trabalho não havia sido realizada
na data do lançamento, Uderzo
enrolou: "Boa pergunta, mas não
posso dizer mais nada, infelizmente", disse ele, voltando-se na
direção de Bernard de Choisy, curador da exposição e seu genro.
"Não viemos aqui para vender,
mas para comemorar. Vocês conhecerão o conteúdo mais tarde",
explicou Choisy. Segundo os editores, era preciso "reservar a surpresa ao leitor". Os jornalistas só
foram informados que o 33º livro
era "um tanto diferente" e que a
ação não se passava no Japão.
Aos jornalistas, só restava perguntar por que esse vasto plano
de comunicação estava sendo implementado na capital da Bélgica
e da Europa. Segundo Choisy, o
governo municipal da cidade provou ser "o mais maluco" entre os
contactados na Europa.
Sem esquecer, como escrevem
os organizadores, que era conveniente fugir "à pressão dos centuriões modernos que estabeleceram o politicamente correto" e,
aparentemente, não estendem
suas atividades repressivas à Bélgica.
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