São Paulo, sábado, 26 de setembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Escritora lançou sua primeira obra aos 19 anos

da enviada e Quixadá

Rachel de Queiroz nasceu no Ceará, em 17 de novembro de 1910, primogênita do casal Daniel e Clotilde de Queiroz.
Ele, promotor público, abandonou a carreira para se tornar professor de geografia, porque, segundo Rachel, "quando tinha que acusar uma pessoa, passava uma semana sem comer, sem dormir, completamente neurótico, apavorado de cometer uma injustiça".
A mãe, leitora voraz, apresentou a Rachel os clássicos da literatura francesa e portuguesa, mas a menina só passou a frequentar a escola aos oito anos, quando a avó, religiosa, descobriu que fazia o sinal-da-cruz com a mão esquerda. Não fez, porém, nenhum curso superior.
Aos 19 anos, à luz do lampião, escreve sua primeira novela, "O Quinze", publicada em agosto de 1930 em edição bancada pela família. Não recebe críticas satisfatórias no Ceará, mas envia o livro ao Rio, onde é reconhecido por Graça Aranha e pelo poeta Augusto Frederico Schmidt.
O livro é considerado um marco na literatura de então, porque é o primeiro a tratar o sertão como protagonista, abrindo espaço para os romances regionalistas que viriam depois. Rachel acaba ganhando, com "O Quinze", o prêmio de literatura da Fundação Graça Aranha.
Seu livro seguinte, "João Miguel", é submetido e rejeitado pelos comunistas em 32 por mostrar um operário matando um colega. Rachel não aceita e abandona o partido. É quando vai a São Paulo e se une aos trotskistas.
˛
Casamento No mesmo ano se casaria com o poeta José Auto, com quem teria uma filha, Clotilde, morta por meningite com um ano e meio de idade. Atingida fortemente pela perda da filha, separa-se de José Auto aos sete anos de casada.
Apresentada por seu primo, o escritor Pedro Nava, conhece e vai morar com o médico Oyama de Macedo, seu companheiro por mais de 40 anos. Não tiveram filhos, mas Rachel se considera "avó torta" dos filhos de sua irmã caçula, Maria Luíza.
Em 64, apóia os militares que destituem João Goulart. Torna-se membro do Conselho Federal de Educação, mas recusa os convites para se tornar ministra, embora tenha chegado a entrar para o diretório da Arena, partido governista do período militar.
Foi representante do Brasil na ONU em 66, e em agosto de 77 se tornou a primeira mulher a ser eleita para a Academia Brasileira de Letras.
Rachel de Queiroz, tradutora de várias obras e colaboradora de jornais e revistas, também é autora de "Dôra, Doralina" e de "Memorial de Maria Moura", seu último romance, publicado em 92 e transformado pela Rede Globo na minissérie de TV cuja versão ela abomina. (CM)
˛
Livro: Tantos Anos Autor: Rachel de Queiroz
Lançamento: Siciliano Quanto: não definido


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.