CRÍTICO DA FOLHA

A cozinha napolitana é muito popular em São Paulo, graças à presença histórica das cantinas abertas ao longo de um século por migrantes do sul da Itália.
O Marina di Vietri, aberto há um mês, é uma versão diferente das cantinas tradicionais paulistanas. Tem em comum com as demais o fato de se inspirar também na cozinha de Nápoles e de ser despojada, bem simples.
Tem como diferenças o fato de realçar um aspecto que as outras não costumam enfatizar -o dos pratos com frutos do mar- e a escala: é uma casa pequena, comparada com suas irmãs mais velhas da cidade, em geral, bem espaçosas.
Outra coisa é que o Marina di Vietri não pertence a descendentes de italianos, mas a migrantes desta geração. Seus proprietários são os italianos Vincenzo Vitale, 56, e Salvatore Abbate, 40, ambos nascidos na mesma região e amigos de muitos anos.
Vincenzo nasceu em Marina di Vietri, é chef pâtissier, está no Brasil há 23 anos, onde trabalhou com importação de vinhos enquanto produzia sobremesas italianas. Salvatore trabalhava como cozinheiro na Itália, veio ao Brasil em 1988 e aqui ficou oito anos produzindo antepastos e vendendo para restaurantes. Voltou para a Itália e retornou ao Brasil no ano passado para abrir sua casa com o sócio.
O restaurante tem o mérito de retratar bem o espírito da cozinha napolitana. Há um ar familiar, os pratos têm gosto caseiro e, ao mesmo tempo, revelam uma dose de trabalho mais apurado na redução dos molhos e confecção das massas.
Há também, proporcionalmente, uma boa presença de pratos com frutos do mar (em homenagem à região litorânea de onde vieram), como robalo com tomate e legumes, filé de linguado com cappellini, espaguete com frutos do mar (ou com mexilhão e mariscos), entre outros.
Não que o peixe seja o mais fresco da cidade, nem que o ponto de cozimento seja perfeito, mas isso dá um clima de autenticidade à casa.
As massas (que não vêm em megaporções como nas cantinas daqui) são corretas, os risotos, meio estrangeiros na região, nem tanto; os antepastos (especialidade do sócio) são bons, o molho de tomate é correto, os vinhos são todos italianos e pratos como espaguete ao sugo com almôndega são prova indefectível das origens da casa. (JOSIMAR MELO)

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