São Paulo, terça-feira, 26 de outubro de 2010

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CRÍTICA DOCUMENTÁRIO

Diretor de "Cleveland x Wall Street" registra julgamento que nunca existiu

DE SÃO PAULO

No catálogo da Mostra, a exemplo do que acontecera no Festival de Cannes, "Cleveland x Wall Street" é um documentário. Mas o que o diretor Jean-Stéphane Bron fez não foi documentar o real, mas encená-lo.
Bron, documentarista de origem Suíça, embarcou para o Estado de Ohio, nos Estados Unidos, para conhecer a cidade que, na crise, viu várias de suas casas virarem habitações fantasmas.
Endividados, os moradores de Cleveland se tornaram um símbolo da crise que a roda financeira superou, mas que algumas famílias jamais esquecerão. Eles compraram moradias que jamais poderiam pagar.
O que atraiu Bron foi o fato de, em janeiro de 2008, a municipalidade haver decidido processar 21 bancos de Wall Street, considerados, por muitos, como os responsáveis pela devastação.
Acontece que a Justiça negou a abertura do processo.
O diretor, em vez de voltar para casa, decidiu encenar, ele próprio, o processo.
Com a autorização da prefeitura, dos moradores e de advogados, ele levou o cinema para um tribunal que, apesar de fictício na prática, torna-se absolutamente real diante da câmera.
Todos os personagens e argumentos envolvidos na disputa são levados a se posicionar. Como a situação é dramática e polêmica, há pouco espaço para a performance.
Cena após a cena, a provocação formal de "Cleveland x Wall Street" vai se revelando uma provocação, sobretudo, política. (ANA PAULA SOUSA)


CLEVELAND X WALL STREET
DIREÇÃO Jean-Stéphane Bron
QUANDO hoje, às 16h, no Belas Artes; dia 29/10, às 20h30, no Cine Sabesp; e dia 31/10, às 17h10, no Frei Caneca
CLASSIFICAÇÃO livre
AVALIAÇÃO bom




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