São Paulo, terça-feira, 26 de outubro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

CRÍTICA DOCUMENTÁRIO

Longa descortina vida de Saint Laurent em tom solene

PARA QUEM ESPERA QUE O FILME DESCORTINE OS BASTIDORES DO GLAMOUR DE PARIS, O FILME PODE DECEPCIONAR

RAUL JUSTE LORES
EDITOR DE MERCADO

A melancolia permanente de Yves Saint Laurent (1936-2008) permeia o documentário do estreante Pierre Thoretton, que aborda 50 anos de casamento afetivo e profissional entre o estilista e seu empresário Pierre Bergé.
"O Louco Amor de Yves Saint Laurent" deleita os fãs da moda com diversas coleções do estilista que mudou a cara da alta costura e foi o pai do "prêt-à-porter", mas fala mais de sua vida pessoal -a timidez paralisante, as constantes crises de depressão, o alcoolismo e o vício em substâncias diversas.
Sua despedida do mundo da moda, em 2002, e o funeral, em 2008, abrem e dão o tom da produção.
Após a morte, Bergé decide leiloar toda a enorme coleção de arte do casal, que tinha de obras de Picasso, Matisse, Brancusi e Warhol a antiguidades chinesas.
Os burocráticos preparativos do leilão ocupam grande parte do documentário, que relata o fim de uma era.
Saint Laurent instituiu o smoking feminino, explorou a moda étnica africana, asiática e russa muito antes do multiculturalismo.

TOM SOLENE
O documentário é parte da safra recente de filmes sobre a moda, como "Lagerfeld Confidencial".
Mas, ao contrário destes, o tom é solene. Para quem espera que o filme descortine os bastidores do glamour parisiense dos anos 60, 70 e 80, como uma versão cinematográfica da revista "Hola!", o filme pode decepcionar.
Há poucos momentos de alegria capturadas nos arquivos pessoais.
Em uma entrevista de brincadeira em Super-8, Saint Laurent é questionado com a típica "o que é alegria para você?".
"Eu em uma cama cheia de gente", ri. "E como você pretende morrer?" "Em uma cama cheia de gente", diz.
Como parte da elite gay europeia do século passado, o casal também tinha um casarão no Marrocos.
As ensolaradas imagens em Marrakech permitem suspeitar que ali, sim, em breves temporadas, Saint Laurent pôde ser feliz.


O LOUCO AMOR DE YVES SAINT LAURENT
DIREÇÃO Pierre Thoretton
QUANDO hoje (16h), no Cine Livraria Cultura; sex. (21h), no Cinemark Cidade Jardim; 3/11 (19h), no Cine TAM
CLASSIFICAÇÃO 10 anos
AVALIAÇÃO bom




Texto Anterior: Crítica ficção: Sem ação nem clímax, filme nipo-americano traz desconforto
Próximo Texto: Crítica documentário: Diretor de "Cleveland x Wall Street" registra julgamento que nunca existiu
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.