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Paixão de Joana DŽArc
JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas
Sobre "A Paixão de Joana D'Arc"
(1928), tudo já foi dito. Da interpretação radical de Maria Falconetti no papel-título à insistência
igualmente radical nos closes dos
rostos sem maquiagem, da cenografia despojada à atuação de Antonin Artaud (como um monge solidário com Joana), todos os aspectos dessa obra-prima foram longamente debatidos por críticos de todo o mundo.
Mas um pouco de informação
nunca é demais. Nono longa-metragem de Dreyer, "A Paixão de
Joana D'Arc" -também chamado
"O Martírio de Joana D'Arc"- foi
realizado na França em 1928.
O diretor rejeitou o roteiro de Joseph Delteil e ateve-se às atas do
processo de Joana D'Arc.
Concentrou num único dia, entretanto, as várias sessões do julgamento da heroína, condenada à fogueira como herege pela Igreja.
A produção do filme demorou
oito meses. O mais trabalhoso foi a
reconstituição, em concreto, do
castelo de Rouen. Foram utilizadas
paredes móveis, de modo a facilitar os movimentos de câmera e enquadramentos.
Respondendo a ressalvas dos críticos, que consideraram anacrônicos os capacetes dos soldados ingleses e os óculos de tartaruga de
um monge, Dreyer mostrou gravuras de época em que aparecem
tais acessórios. Os grandes trunfos
estéticos do filme são a fotografia,
de Rudolph Maté, e a montagem,
do próprio Dreyer.
Em "A Paixão de Joana D'Arc", a
luz não é apenas mais um fator de
composição do quadro. Ela é o tema central, senão único.
Não é por acaso que a imagem-síntese do filme é a do rosto de Joana voltado para cima, banhado de
luz: a iluminação material coincide
com a iluminação espiritual, fundo
e figura se confundem.
Se em algum momento fez sentido a frase de Abel Gance segundo a
qual "o cinema é a música da luz",
esse momento chama-se "A Paixão de Joana D'Arc".
Até por isso, Dreyer tinha razão
ao protestar contra a trilha musical
que foi acrescentada a seu filme em
1952 (mantida na fita agora lançada em vídeo). Nada contra os compositores escolhidos (Bach, Albinoni, Beethoven). Mas aquela não
era a "sua" música. O melhor a fazer é tirar o som da TV e deixar-se
embalar pelo silêncio melodioso
do cinema de Dreyer.
²
Vídeo: A Paixão de Joana D'Arc
Direção: Carl T. Dreyer
Elenco: Maria Falconetti, Michel Simon,
Antonin Artaud, Eugene Silvain
Lançamento: Continental
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