São Paulo, segunda, 26 de outubro de 1998

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PATRIMÔNIO
Instituição é a primeira do gênero na Amazônia; acervo conta com 320 obras, a maioria do século 18
Belém inaugura museu de arte sacra

LUÍS INDRIUNAS
da Agência Folha, em Belém

Depois de 55 anos de abandono, o antigo Arcebispado de Belém e a Igreja de Santo Alexandre, marcos do primeiro núcleo urbano da capital paraense, voltam a ser abertos para o público, agora como o Museu de Arte Sacra de Belém (praça Frei Caetano Brandão, s/nš, tel. 091/241-2333), o primeiro do gênero na Amazônia. A entrada é franca neste mês de outubro.
O espaço conta com a exposição permanente de 320 obras do imaginário sacro, a maioria do século 18. As edificações têm características barrocas, mas sofreram influências do neoclássico da época do marquês de Pombal.
A principal atração do conjunto é a própria igreja de Santo Alexandre, que, além de museu, será um espaço reservado para cerimônias religiosas, espetáculos teatrais e musicais.
Na inauguração, em 28 de setembro, a Orquestra Sinfônica do Teatro da Paz e o Coro Carlos Gomes apresentaram obras de Vivaldi.
No prédio do arcebispado, existem diversas salas, todas com iluminação especial para as esculturas, destacando-se a sala negra para prataria. Dois outros espaços estão reservadas para exposições itinerantes.
O processo de pesquisa e restauro das obras e dos prédios durou cerca de dois anos e meio e custou aproximadamente R$ 9,5 milhões, a maioria dos recursos originários do governo estadual.
A Secult (Secretaria Estadual de Cultura) contou ainda com o apoio do Banco Real, Telebrás, Companhia Vale do Rio Doce e Agropaulo.
Boa parte do acervo pertencia à própria igreja e encontrava-se espalhado em outras igrejas e depósitos. O governo estadual colheu o material e comprou também a coleção de imagens sacras do historiador paraense Abelardo Santos, já morto.
Para evitar que fossem cometidos equívocos históricos na restauração dos ambientes e peças, a opção dos técnicos foi não rebocar paredes encontradas durante as escavações nem completar ou repintar as imagens.
"A documentação e as informações eram escassas, por isso, evitamos as suposições e privilegiamos tudo o que foi encontrado no original", disse o secretário estadual da Cultura e arquiteto Paulo Chaves.
Exemplo deste tipo de solução é a escultura em madeira de um santo jesuíta encontrada no meio do concreto durante as escavações. A imagem provavelmente fazia parte da primeira versão da igreja, quando ainda se chamava São Francisco Xavier (leia texto ao lado).
"Como não conseguimos descobrir qual era santo, já que seu rosto foi deteriorado por cupins e umidade, decidimos colocá-lo contra a luz, dando mais atenção a sua silhueta", explicou Chaves.



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