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ELA DIZ
Mulher superior, do bem
CYNARA MENEZES
especial para a Folha
Duas coisas torturavam minha
mente desde a infância. Seria invenção da minha cabeça ou realmente existiram: a) um pozinho
que virava bichinho em contato
com a água; b) um "Caso Especial" (da Globo, lembram?) em
que Tarcísio Meira tinha de mergulhar à procura de pérolas para
salvar uma menina picada por
um escorpião?
A segunda questão continuará
sendo um fantasma, mas, graças
ao "Almanaque para Garotas Calientes", tirei um peso das costas.
Sim, aquele pozinho existiu, e se
chamava "Kikos Marinhos"!
A Jô Hallack, uma das autoras
do almanaque, diz, na auto-entrevista do final do livro, que também lembra do tal bicho -a não
ser que tenha sido uma alucinação coletiva.
Pois então, um dos fortes do livro das meninas é justamente o
número de informações altamente úteis que contém. Por exemplo:
você sabia que não é só seu cabelo
que amanhece algumas vezes totalmente sem jeito? Ou que acabaram de descobrir que refrigerante
não causa celulite e até estimula a
inteligência?
(Essa última é mentirinha científica só para enganar a si própria
na hora de se entupir da açucarada beberagem, mas quem liga? E o
efeito placebo, hein?)
Além de informação, o livro
também é cheio de (hilário) descaramento feminino à moda masculina. Elas se atrevem a contar
todos os segredos que nós, mulheres -como os homens-,
contamos, às gargalhadas, na mesa do bar. Quem se perguntava
"de que falam as mulheres quando estão sozinhas?" saberá a resposta, embora vá doer um pouquinho.
Tcharã: um tabu, para começar.
Qual a verdadeira importância do
tamanho do órgão masculino?
(Sorry, garotos, mas as mulheres
falam disso, sim.) Pequeno, grande, isso importa? Chorai, desafortunados: segundo Jô, Nina, Raq e
algumas mais (ou más?), e ao contrário do que teimam em declarar
psicólogos a revistas masculinas,
importa, e muito.
No país do tchan, também escancaram essa atração dos homens pelo derrière na hora da
transa, assunto constrangedor
que elas encaram... de frente. Não
é preciso ser uma "mulher superior" para fazer isso?
Para quem quiser ser uma delas,
está lá a receita: chorar, mas com
trilha sonora e queixo erguido;
tratar os ex com respeito; chutar o
balde com fina elegância. E o melhor de tudo nestes tempos que
estão mais para Capitão Gancho
do que para Sininho: ser superior
também é ser "do bem", o que faz
do livro um libelo contra o maucaratismo de ambos os sexos, tão
em voga nos anos 90.
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