RODRIGO DIONISIO
da Redação

Ouvidos ligados. Independentemente do que se diz acima sobre o filme "No Coração dos Deuses", a sua trilha sonora vale um busca na loja de CDs mais próxima da sua casa.
André Moraes, responsável pela produção e regência, convidou, para tocar as músicas da saga ficcional de aventureiros do século 20 no século 17, o baterista Igor Cavalera e o guitarrista Andreas Kisser, ambos do Sepultura.
Nas mãos do primeiro, entregou um tambor de maracatu e um timbau; nas do segundo, um violão flamenco (!) e outro timbau (!!). Para completar, chamou o violoncelista da Orquestra Sinfônica Brasileira Márcio Mallard.
Resultados: "O Desconhecido" lembra "Trenzinho do Caipira", de Villa-Lobos, mas tem a mão pesada de Igor; "Gibão de Couro" é um baião, mas com a velocidade de Andreas; "Procura o Cara" é, provavelmente, o primeiro heavy metal flamenco da história pop, com vocais de Mike Patton (!!!), ex-Faith No More; e "Martírios" é hardcore, mas com uma linha instrumental que serviria de abertura para algum programa de Rolando Boldrin nas manhãs da TV.
Trilha não-comercial, feita para o filme, não para tocar no rádio, como tantas babas norte-americanas proferidas no gênero, e que consegue passar a idéia de fusão de parte das sonoridades brasileiras passadas e presentes.
Dá uma certa nostalgia, também. Se Max Cavalera, após trazer índios e berimbaus para o quase perfeito "Roots", não tivesse saído do Sepultura para formar o Soulfly, a banda não acabaria encontrando a perfeição torta registrada por Igor e Andreas em "No Coração dos Deuses"? Provavelmente não. Deixa para lá.

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