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"O EXPRESSO POLAR"
Com orçamento de cerca de US$ 160 milhões, animação se arrisca em revolução no cinema digital
Filme leva Tom Hanks ao mundo virtual
DAVE KEHR
DO "NEW YORK TIMES"
Visto de longe, "O Expresso Polar" pode parecer apenas mais um
filme natalino. Adaptado do livro
infantil homônimo, de 1985, escrito por Chris van Allsburg, é a
história de um garoto sem nome
que vive num subúrbio americano na década de 1950 e cuja crença
cada vez menor no Papai Noel ganha um reforço. Na noite de véspera do Natal, um trem fantasmagórico pára diante de sua casa e
um cobrador o convida para subir
e dar um passeio até o pólo Norte.
Com Tom Hanks atuando sob a
direção de Robert Zemeckis, como fez em "Forrest Gump" e "O
Náufrago", "O Expresso Polar"
soa como uma aposta segura.
Mas existe uma revolução escondida dentro desse filme "para
a família", aparentemente inócuo.
É bem possível que "O Expresso
Polar" mude toda a maneira como os filmes são criados e vistos.
De um ponto de vista técnico, ele
pode marcar uma virada decisiva
na transição gradual do cinema
analógico para o digital.
"O Expresso Polar" não é nem
um filme tradicional de ação ao
vivo, nem uma animação computadorizada do tipo que a Pixar
aperfeiçoou com "Procurando
Nemo" e "Os Incríveis". É algo
que fica a meia distância entre os
dois -um filme que leva uma
presença humana real para dentro de um mundo virtual. Nesse
processo, o filme elimina muitos
dos elementos mais básicos do fazer cinema: não há sets caros, iluminação complexa nem câmera
volumosa. Na realidade, não existe película. "O Expresso Polar" só
chega ao celulóide na etapa final
da produção, quando é transferido do disco rígido do computador para a película, com a ajuda
de impressora a laser.
Em viagem recente a Nova
York, Robert Zemeckis observou
que a Warner Brothers está assumindo um risco grande com "O
Expresso Polar". "É um conceito
realmente difícil de ser digerido
por qualquer um", explicou.
Para começo de conversa,
Hanks faz cinco papéis, desde o
de um garoto de sete anos de idade até o do Papai Noel.
Pioneiro de longa data da tecnologia dos efeitos especiais (em filmes como "De Volta ao Futuro" e
"Uma Cilada para Roger Rabbit"), Zemeckis vê grande potencial nela, mas também riscos. "Foi
tremendamente libertador." Mas
enfatizou que a tecnologia precisa
ficar em segundo plano. "O mais
importante ainda é a história."
Assistir a "O Expresso Polar"
sendo criado e ao filme na tela significa começar a compreender o
potencial da nova tecnologia e
suas possíveis desvantagens.
Havia pouco que lembrasse
uma filmagem tradicional no armazém em Culver City, Califórnia, onde o filme estava sendo feito em abril. Dezenas de sensores
infravermelhos captavam e gravavam digitalmente a luz refletida
pelas dezenas de pequenos refletores presos ao body preto usado
por Hanks, além dos 150 refletores menores colados sobre seus
músculos faciais. O grande salto
qualitativo se deve à capacidade
de captar expressões faciais.
O maior risco comercial consiste em ter apostado um orçamento
que, ao que consta, teria chegado
a US$ 160 milhões na possibilidade de que o público ainda consiga
fazer uma conexão emocional
com os personagens.
Tradução de Clara Allain
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