DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Experimentar com as novas tecnologias no cinema não é necessariamente um mau negócio. Quando Walt Disney resolveu assumir o risco e inserir música nos desenhos animados, em 1928, foi um sucesso. Quando a Pixar sugeriu à Disney abandonar lápis e papel e rodar um filme inteiro em animação digital ("Toy Story", 95), também funcionou.
Portanto fazer de "O Expresso Polar" o primeiro filme 100% produzido em "mo-cap" (captura digital de movimento) não foi o erro de Tom Hanks e Robert Zemeckis. O problema da produção, que estréia hoje nos cinemas do país, está na sua temática, a cansada ladainha da "magia do Natal".
Mas, quando a competição pela (milionária) atenção das crianças envolve monstros engraçados, peixes falantes e -uau!- super-heróis dos gibis, fala sério, quem vai ligar para o velhote barrigudo?
Mas Hanks, que é produtor-executivo do filme, além de interpretar cinco personagens diferentes, insistiu que a história "simples, mas complicada", baseada num livro ricamente ilustrado de Chris van Allsburg (Nova Fronteira) precisava ser levada às telas.
Garoto perde a fé em Papai Noel. Durante a noite de Natal, um trem pára diante da porta de sua casa e o transporta para uma viagem (com volta a tempo de abrir os presentes) ao pólo Norte.
Antes que me acusem de mal-humorado, ou pior, desprovido do espírito natalino, vale dizer que o uso das técnicas digitais por vezes impressiona os olhos. São lindos o enorme trem expresso, o "travelling" de câmera com uma alcatéia de lobos e, vá lá, a terra de Papai Noel. Mesmo assim as expressões faciais e movimentos dos atores não convencem, parecem saídos de um videogame.
Sem falar no discurso "não é necessário ver para crer", que soa até constrangedor em um país que não viu, mas acreditou nas tais armas de destruição em massa...

O Expresso Polar
The Polar Express
 
Direção: Robert Zemeckis
Produção: EUA, 2004
Quando: a partir de hoje nos cines Butantã, Central Plaza e circuito