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cinema
CRÍTICA DRAMA
Julio Medem decepciona com erotismo frio e tedioso
Trama banal neutraliza o poder da nudez em "Um Quarto em Roma"
RICARDO CALIL
CRÍTICO DA FOLHA
Aos apreciadores da beleza feminina -em particular,
àquele numeroso contingente que acredita que nada pode ser mais inspirador do que
o sexo entre mulheres-, o
longa "Um Quarto em Roma"
é uma promessa de paraíso
na tela.
Um filme em que as duas
belas protagonistas -a espanhola Elena Anaya e a ucraniana Natasha Yarovenko-
aparecem nuas em 90% das
cenas e fazem sexo um punhado de vezes ao longo da
projeção.
Além disso, a obra vem
com a assinatura do cineasta
espanhol Julio Medem, que
já havia demonstrado um talento raro para captar a beleza das mulheres em "Lucia e
o Sexo", de 2001 (embora,
claro, Paz Vega tenha ajudado muito).
Isto posto, "Um Quarto em
Roma" é uma decepção. Para
os que buscam sexo, as DRs
(discussões de relacionamento) entre as duas personagens neutralizam o poder
erótico dos corpos nus.
Para os que querem cinema, Medem responde com
truques e tiques "artísticos".
A trama é franciscana. A
espanhola Alba (Anaya) e a
russa Natasha (Yarovenko)
se conhecem em um bar de
Roma.
A primeira, lésbica, convence a segunda, prestes a se
casar, a subir para seu quarto
de hotel.
Elas não demoram muito a
tirar suas roupas. Mas levam
um bom tempo para se desnudarem em um sentido não
literal.
A princípio, elas dão pistas
erradas sobre o passado e
presente.
Aos poucos, revelam histórias íntimas e trágicas. Ao
longo de uma noite, criam laços que vão muito além do
sexual.
PSICOLOGISMOS
"Um Quarto em Roma" remete a pequenos grandes filmes sobre paixões intensas
em espaços limitados, como
"O Último Tango em Paris"
(1972), de Bernardo Bertolucci, ou "Amor à Flor da Pele"
(2000), de Wong Kar-wai.
Mas, ao contrário destes, a
obra de Medem não consegue extrapolar a estreiteza do
cenário.
O cineasta se perde num
emaranhado de diálogos pretensiosos, psicologismos baratos, metáforas visuais supostamente poéticas.
Se o objetivo de Medem era
desfetichizar o corpo feminino, cercando-o de palavras e
imagens tediosas, então esse
talvez seja o único aspecto
bem-sucedido deste filme.
Ao lado de "Caótica Ana"
(2007), trabalho anterior de
Medem, "Um Quarto em Roma" presta um desserviço a
sua obra: colocar em dúvida
o apreço por seus melhores
filmes, como "Os Amantes
do Círculo Polar" (1998) e
"Lucia e o Sexo".
Depois de uma revisão, será que eles sobrevivem como
fantasias românticas repletas de imaginação ou ressurgem como um exercício vazio
de erotismo como "Um Quarto em Roma"?
UM QUARTO EM ROMA
DIREÇÃO Julio Medem
PRODUÇÃO Espanha, 2010
COM Elena Anaya, Natasha
Yarovenko
ONDE nos cines Belas Artes e
Espaço Unibanco Augusta
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
AVALIAÇÃO ruim
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