São Paulo, sexta-feira, 26 de novembro de 2010

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"A Alegria" vai a Brasília após ter obtido elogios em Cannes

Filme de jovem dupla de realizadores flerta com o fantástico

ANA PAULA SOUSA
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

Abre-alas de uma seleção marcada por filmes de jovens diretores, o longa-metragem "A Alegria" aterrissou na tela do Cine Brasília, na noite de anteontem, com a chancela da Quinzena dos Realizadores, do Festival de Cannes.
E não tem jeito. O convite para a última edição do festival francês é o discreto troféu que os diretores Marina Meliande e Felipe Bragança carregam pelo evento brasileiro.
"O filme foi muito bem recebido", diz Bragança. "O curador [da Quinzena] disse que a maioria dos filmes brasileiros que chegam até ele não o interessam, mas ele estava curioso com o nosso trabalho desde "A Fuga da Mulher Gorila". Ele disse que nosso filme é um óvni."
"A Fuga..." é o primeiro longa-metragem da dupla. Feito em 2009, ainda não conseguiu ser lançado. "A Alegria" custou R$ 750 mil e mobilizou só 25 pessoas.
"Queríamos filmar assim mesmo, com uma estrutura pequena, que nos desse uma certa leveza", diz Meliande.
Juvenil na temática, "A Alegria" tem familiaridade com "Os Famosos e os Duendes da Morte". Mas o caminho cinematográfico que se dispõe a percorrer é mais pedregoso. E acidentado.
"A gente queria que o filme causasse um certo desconforto", diz Meliande, ao explicar o registro não naturalista. "Mas nossa ideia era também falar do desejo de utopia dessa geração, que é chamada de apática."
O filme segue o sobe e desce da vida de Luiza (Tainá Medina), de três amigos da escola e de seu primo.
A mistura de gêneros, o tom de fábula e o flerte com o fantástico são explicados, pela dupla, com uma série de conceitos e preceitos.
"Queríamos que a mistura de atores e não atores criasse alguns nós dramáticos", diz Bragança. "Misturamos referências de um certo cinema fantástico dos anos 80 com uma costura política e de provocação de "mise-en-scène" que tem mais a ver com o cinema brasileiro dos anos 70", tentou definir o diretor, no debate realizado ontem.
A dupla se disse também inspirada pelo tailandês Apichatpong Weerasethakul, que põe florestas e monstros em cena.


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