São Paulo, quinta-feira, 26 de dezembro de 2002

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Peça está prevista para fevereiro

DA REPORTAGEM LOCAL

Ainda não é certo, mas a montagem francesa de "4.48 Psychose" deve ter turnê no Brasil. O teatro Sesc Anchieta, de São Paulo, está reservado entre os dias 23 e 27 de fevereiro para receber cinco apresentações do espetáculo estrelado por Isabelle Huppert e dirigido por Claude Régy.
A vinda da trupe ainda depende de captação de recursos junto à iniciativa privada, via leis de incentivo. A decisão, se o grupo francês vem ou não, deve sair até o dia 10 de janeiro.
A Folha apurou que o cachê de "4.48 Psychose" por apresentação é de 16 mil euros (cerca de R$ 58 mil), descontados os custos com direitos autorais, transporte, hospedagem etc. A equipe inclui 11 pessoas. O projeto de montar o espetáculo aqui incluiria tradução simultânea da peça, falada em francês, e um encontro de Régy com atores e diretores brasileiros.
A iniciativa de trazer a montagem partiu do produtor gaúcho Luciano Alabarse, ex-coordenador do Porto Alegre em Cena.
Estão confirmados apoios do Serviço Social do Comércio (Sesc São Paulo) e do Consulado Geral da França em São Paulo, respaldado pela Associação Francesa para a Ação Artística (Afaa).
Na semana passada, um enviado da companhia de Claude Régy, a Les Ateliers Contemporains, passou quatro dias em São Paulo para fazer uma vistoria técnica no teatro Sesc Anchieta.
O diretor técnico francês Sallahdyn Khatir, 37, de ascendência africana, trabalha com Régy há uma década, tendo conquistado a confiança deste para esquadrinhar os palcos em que apresenta suas montagens.
É incomum Régy viajar com um espetáculo. Nos últimos dez anos, por exemplo, diz Khatir, seria a primeira vez que o diretor faria uma turnê internacional. Normalmente, as produções encerram carreira quando saem de cartaz em teatros de Paris ou de outra cidades francesas.
Segundo o diretor técnico, são necessárias adaptações para encenar "4.48 Psychose" no Anchieta, palco dos mais elogiados entre os cenotécnicos do país.
Não há a configuração semi-arena ou o pé-direito alto do Les Bouffes du Nord, onde o espetáculo estreou originalmente no início de novembro -sede da companhia do diretor inglês Peter Brook, de quem São Paulo e Rio viram este ano um "Hamlet".
"A encenação exige bastante precisão na projeção de vídeo, no som, na marcação de luz. Tudo tem que se casar perfeitamente para apoiar a interpretação de Isabelle Huppert", diz Khatir.
Huppert passa cerca de duas horas praticamente imóvel. Sua personagem é calcada na voz e na expressão facial. O ator Gérard Watkins contracena ao fundo, atrás de uma tela transparente na qual são projetadas imagens.
Khatir vistoria teatros para "4.48 Psychose" desde março de 2001. No momento, a montagem cumpre turnê pela França. Antes da provável vinda ao Brasil, a montagem deve seguir para Bélgica e Portugal. (VALMIR SANTOS)


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