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CINEMA
Licença para vender
Merchandising garante quase metade dos US$ 142 mi do orçamento de "Um Novo Dia para Morrer", 20º filme de Bond
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MARCELO FORLANI
MARIANA DELLA BARBA
FREE-LANCES PARA A FOLHA, EM LONDRES
Quando "Minority Report" entrou em cartaz nos Estados Unidos, o filme de Steven Spielberg
foi tachado por muitos de "a
maior propaganda do mundo".
Nada menos do que 15 empresas pagaram um total de US$ 25
milhões para mostrarem suas
marcas na telona.
Com a estréia de "007 - Um Novo Dia para Morrer", ocorrida no
mês passado na Inglaterra, esses
números passam a ser pequenos.
A nova aventura do agente secreto inglês conta com 24 "parceiros
promocionais". Eles investiram
cerca de US$ 60 milhões na mais
bem-sucedida franquia do cinema -quase metade do orçamento final, estimado em US$ 142 milhões.
Com os cofres cheios, o diretor
Lee Tamahori inovou, ao inserir o
maior número de efeitos especiais
feitos por computadores nos 40
anos da série no cinema. "Um filme desses tem de ser grandioso,
caro e com muita ação, mulheres
e bugigangas. Não mexendo nessas regras, você tem liberdade para fazer o que quiser", disse Tamahori à Folha, em Londres.
Cenários do tamanho da Ópera
de Sydney, a presença de Halle
Berry e Madonna e a volta do carro Aston Martin provam que ele
seguiu mesmo tudo à risca.
E o resultado não podia ser melhor. No seu fim de semana de estréia nos Estados Unidos, "Um
Novo Dia para Morrer" desbancou "Harry Potter e a Câmara Secreta" da liderança nas bilheterias
e, passado um mês, somou mais
de US$ 130 milhões, tornando-se
o maior sucesso entre os 20 filmes
da série já feitos até agora.
Pierce Brosnan
O ator Pierce Brosnan, 49, já
confirmou sua presença em pelo
menos mais uma missão. "Sei que
o tempo está contra mim, mas
ainda tenho forças para fazer o
quinto filme", disse.
Brosnan ainda não enjoou de
viver Bond e confessa que é apaixonado pelo personagem. "Leva
tempo para se tornar Bond. Acho
que a forma como modificamos o
personagem desta vez em termos
de apelo dramático, deixando claros os seus sentimentos, foi um
desafio. Vai ser interessante ver
aonde chegaremos com o quinto
filme."
Mas quem mais mudou foi a
Bond girl. Jinx, interpretada por
Halle Berry, quebra vários paradigmas e chega a dividir o cartaz
quase de igual para igual com o
herói.
"Foi a decisão de elenco mais fácil da minha vida. Eu estava cansado de Bond girls sem profundidade. Falei que, se fôssemos ter
um personagem forte, era bom
termos alguém linda e que também pudesse atuar", afirma o diretor.
No meio das filmagens, Berry
teve que voar para Hollywood,
onde ganhou o Oscar de melhor
atriz por "A Última Ceia". Depois
do emocionado discurso com que
recebeu a estatueta, o sucesso
continua e Jinx pode até ganhar
uma série própria. "Mesmo que
nada disso dê certo, já me sinto lisonjeada só de pensar que Michael [Wilson], Barbara [Broccoli, os produtores" e a MGM tiveram este plano], diz a atriz.
Novo herói
No cinema, como em qualquer
lugar, o sucesso é medido quando
começam a surgir cópias e paródias de uma determinada obra.
Nesse quesito, 007 tem um arsenal invejável. Só neste ano entraram em cartaz dois exemplos:
"Austin Powers em o Homem do
Membro de Ouro" e "Triplo X".
Este último chegou inclusive a
ser considerado um herói pós-Bond, mais moderno e totalmente inserido no século 21.
Tamahori discorda. "Gostei
muito do filme, principalmente
da primeira parte, cheia de efeitos
especiais. Mas eles cometeram o
erro que tentamos evitar. O herói
sempre se mete em confusão e é
salvo por pessoas que entram metralhando tudo. Isso faz um ótimo
filme de ação, mas dá a impressão
que ele é meio incapaz de se virar
sozinho e desarmado", diz.
O diretor afirma que a característica de que mais gosta em Bond
é a capacidade de o agente usar a
inteligência para se livrar dos problemas, sem depender tanto das
armas. Mas nem ele conseguiu fugir muito da fórmula. "Vejo-me
fazendo coisas que jurei nunca fazer, mas a gente tem de ter bugigangas e uma perseguição de carros." Numa das cenas finais, o
agente dirige seu novo Aston
Martin dentro de uma palácio de
gelo, enquanto o vilão guia um Jaguar.
A sequência teve um custo adicional de US$ 500 mil, ou seja, nada, comparado ao que as duas
empresas investiram e terão de
retorno. A Aston Martin, por
exemplo, espera aumentar mais
de 30% as suas vendas com a participação no novo filme.
Madonna
Além dos equipamentos eletrônicos e carros, há em "Um Novo
Dia para Morrer" uma novidade
em termos de merchandising:
Madonna. Em uma cena de poucos minutos ela faz o papel de
"uma instrutora de esgrima no estilo dominatrix", diz o diretor.
Mas, como todos sabem, como
atriz Madonna é uma ótima cantora. A rainha do pop não quis saber de baladas e fez a canção-tema
dançante. O sucesso já está nas rádios, pistas e, claro, nos cinemas.
Além de ouvi-la durante os créditos, os espectadores conferem
um videoclipe de 90 segundos antes de o filme começar. Aí, é Bond
que aparece como pano de fundo
no filme de Madonna.
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