São Paulo, sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Morre o dramaturgo Harold Pinter

Aos 78 anos, Nobel era um dos mais importantes autores de teatro contemporâneos

Autor escreveu mais de 30 peças, como "Volta ao Lar", "Festa de Aniversário" e "Traição", muitas delas encenadas no Brasil

DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos maiores autores de teatro contemporâneos, o dramaturgo, diretor, ator e poeta inglês Harold Pinter, Prêmio Nobel de Literatura em 2005, morreu anteontem à noite, aos 78 anos, em Londres.
Ele sofria de câncer no esôfago, diagnosticado em 2002. A notícia foi dada por sua segunda mulher, a escritora Antonia Fraser, que também declarou: "Foi um privilégio viver com ele por mais de 33 anos. Ele nunca será esquecido".
Pinter escreveu mais de 30 peças, com destaque para "Volta ao Lar", de 1964. Também poeta, assinou ainda textos para rádio e TV, e roteiros, como "A Mulher do Tenente Francês" (1981). Um de seus últimos trabalhos foi o roteiro do filme "Um Jogo de Vida ou Morte" (adaptação para a peça "Sleuth", de Anthony Shaffer).
À emissora de televisão BBC o crítico de teatro do jornal "Sunday Telegraph", Tim Walker, disse que as peças de Pinter tinham "longos silêncios, em que os personagens nem sempre iam a algum lugar, algo bem parecido com a vida real. Ele trouxe realismo ao teatro."
Em entrevista à emissora de TV britânica Sky News, Michael Billington, amigo e biógrafo de Pinter, afirmou que o dramaturgo "era uma figura política, um polemicista e empreendeu duras batalhas contra a política externa americana [...], mas na vida privada ele era o mais leal dos amigos e mais generoso dos humanos."
Pinter nasceu em 30 de outubro de 1930, no East End londrino, filho de imigrantes judeus. Em meados da década de 50 começou a escrever peças, sendo "O Quarto" a primeira a ser publicada, em 1957. Um ano depois, "Festa de Aniversário" foi montada no West End londrino, logo saindo de cartaz após receber péssimas críticas. Foi somente com a segunda peça, "O Zelador" (1959), que se firmou como um dos mais importantes dramaturgos do país.
No Reino Unido, Pinter era associado ao grupo Angry Young Men (jovens irados), movimento cultural no teatro, literatura e cinema britânico de meados dos anos 50, cujo vetor nos palcos foi o "kitchen sink drama" (drama pia da cozinha): peças que descreviam situações domésticas da classe operária. Atualmente, sua influência como dramaturgo é sentida nos trabalhos de Patrick Marber, na Inglaterra, e Sam Shepard e David Mamet, nos EUA.
Em 2002, o dramaturgo se referiu à doença num poema publicado no "The Guardian": "Células cancerosas são aquelas que esqueceram de morrer." Em 2005, Pinter disse, em entrevista à BBC, que não iria mais escrever peças: "Acho que parei de escrever agora, mas não parei de escrever poemas. Acho que o mundo já teve peças minhas o suficiente."


Texto Anterior: Cantora e atriz, Eartha Kitt morre aos 81 nos EUA
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.