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Morre o dramaturgo Harold Pinter
Aos 78 anos, Nobel era um dos mais importantes autores de teatro contemporâneos
Autor escreveu mais de 30 peças, como "Volta ao Lar", "Festa de Aniversário" e "Traição", muitas delas encenadas no Brasil
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos maiores autores de
teatro contemporâneos, o dramaturgo, diretor, ator e poeta
inglês Harold Pinter, Prêmio
Nobel de Literatura em 2005,
morreu anteontem à noite, aos
78 anos, em Londres.
Ele sofria de câncer no esôfago, diagnosticado em 2002. A
notícia foi dada por sua segunda mulher, a escritora Antonia
Fraser, que também declarou:
"Foi um privilégio viver com
ele por mais de 33 anos. Ele
nunca será esquecido".
Pinter escreveu mais de 30
peças, com destaque para "Volta ao Lar", de 1964. Também
poeta, assinou ainda textos para rádio e TV, e roteiros, como
"A Mulher do Tenente Francês" (1981). Um de seus últimos
trabalhos foi o roteiro do filme
"Um Jogo de Vida ou Morte"
(adaptação para a peça
"Sleuth", de Anthony Shaffer).
À emissora de televisão BBC
o crítico de teatro do jornal
"Sunday Telegraph", Tim Walker, disse que as peças de Pinter
tinham "longos silêncios, em
que os personagens nem sempre iam a algum lugar, algo bem
parecido com a vida real. Ele
trouxe realismo ao teatro."
Em entrevista à emissora de
TV britânica Sky News, Michael Billington, amigo e biógrafo de Pinter, afirmou que o
dramaturgo "era uma figura
política, um polemicista e empreendeu duras batalhas contra a política externa americana [...], mas na vida privada ele
era o mais leal dos amigos e
mais generoso dos humanos."
Pinter nasceu em 30 de outubro de 1930, no East End londrino, filho de imigrantes judeus. Em meados da década de
50 começou a escrever peças,
sendo "O Quarto" a primeira a
ser publicada, em 1957. Um ano
depois, "Festa de Aniversário"
foi montada no West End londrino, logo saindo de cartaz
após receber péssimas críticas.
Foi somente com a segunda peça, "O Zelador" (1959), que se
firmou como um dos mais importantes dramaturgos do país.
No Reino Unido, Pinter era
associado ao grupo Angry
Young Men (jovens irados),
movimento cultural no teatro,
literatura e cinema britânico de
meados dos anos 50, cujo vetor
nos palcos foi o "kitchen sink
drama" (drama pia da cozinha):
peças que descreviam situações
domésticas da classe operária.
Atualmente, sua influência como dramaturgo é sentida nos
trabalhos de Patrick Marber,
na Inglaterra, e Sam Shepard e
David Mamet, nos EUA.
Em 2002, o dramaturgo se
referiu à doença num poema
publicado no "The Guardian":
"Células cancerosas são aquelas que esqueceram de morrer."
Em 2005, Pinter disse, em entrevista à BBC, que não iria
mais escrever peças: "Acho que
parei de escrever agora, mas
não parei de escrever poemas.
Acho que o mundo já teve peças
minhas o suficiente."
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