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CRÍTICA
Longo e repetitivo, filme emociona pouco
MARCELO COELHO
COLUNISTA DA FOLHA
Uma ou outra criança encantadora é ameaçada de explodir, uma bela grávida de oito meses tem sua cota de sobressaltos,
muitos atentados espetaculares
tomam conta da tela -mas o último filme de Steven Spielberg acaba emocionando muito pouco.
"Munique" é longo (164 minutos)
e repetitivo.
Um protagonista bonitão, mas
sem carisma, o agente secreto israelense Avner (Eric Bana), está
encarregado de eliminar, um por
um, 11 responsáveis pelo atentado
terrorista que dizimou a equipe
olímpica israelense, nos jogos de
Munique, em 1972. Para tanto, ele
conta com a bênção da primeira-ministra Golda Meir em pessoa
(Lynn Cohen), que mal e mal discute numa reunião de gabinete as
implicações morais da retaliação.
Daí por diante, o que temos é a
mesma cena contada várias vezes:
a reunião de Avner com sua equipe de ajudantes brancaleônicos,
que o filme tenta apresentar como
se fossem "pessoas comuns",
quase inofensivas; alguns diálogos forçadamente filosóficos com
o misterioso informante Louis
(Mathieu Amalric); a confecção
de uma geringonça explosiva; a
morte feérica de um terrorista,
com um ou mais inocentes ameaçados no processo; e os escrúpulos do herói depois de cumprida a
missão.
Os dilemas de Avner se tornam
complexos demais para a linguagem do filme. A partir de seu trailer e de seus primeiros (e excelentes) minutos, "Munique" pretende, obviamente, ser uma máquina
de suspense e tensão; para isso, é
preciso que o espectador esteja
identificado com os personagens.
Ao mesmo tempo, a preocupação
ética do filme depende de um esforço de imparcialidade e "desidentificação": trata-se de mostrar
que os atos de vingança realizados
por Israel, além de inúteis do ponto de vista estratégico mais amplo,
terminam perdendo qualquer
justificativa moral se passam a vitimar crianças e civis inocentes.
O cuidado político de Spielberg
vai além: numa cena, palestinos e
israelenses se encontram num
mesmo esconderijo, e trocam
idéias equivalentes sobre a necessidade de uma pátria. "Munique",
sob esse aspecto, é um filme bem
escrupuloso e equilibrado; mas
sua tentativa de pensar ética e politicamente não combina com o
artesanato do terror, com o virtuosismo da tensão e do alívio,
que são a marca de Spielberg.
Munique
Munich
Produção: EUA, 2005
Direção: Steven Spielberg
Com: Eric Bana, Daniel Craig
Quando: a partir de hoje nos cines Metrô
Tatuapé, Pátio Higienópolis e circuito
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