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Novo livro verá a Inglaterra dos anos 60
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando seu mais recente
romance, "Sábado", foi lançado, em 2005, Ian McEwan
recebeu muitos elogios mas
também teve de encarar alguns narizes torcidos e comentários contrários.
Isso porque o livro, que se
passa durante manifestações
contra a Guerra do Iraque,
tem um final feliz, numa
época em que, na Inglaterra,
vivia-se um tempo de medo e
de insegurança por causa do
envolvimento do país no
conflito e dos atentados de 7
de julho daquele ano.
O escritor irlandês John
Banville, por exemplo, atacou McEwan dizendo que
seu livro poderia ter sido
uma encomenda do primeiro-ministro Tony Blair para
acalmar a população.
No novo romance que lançará em junho, entretanto,
McEwan parece querer correr menos riscos de tocar feridas ainda abertas.
"On Chesil Beach" se passa
no começo dos anos 60 e
conta a história de dois jovens recém-casados. Em sua
edição especial de Natal, a revista "The New Yorker" publicou um excerto do livro.
Nele, Edward e Florence
-ele, estudante de história;
ela, violinista- jantam silenciosamente em sua noite de
núpcias, momentos antes de
perderem a virgindade.
O romance se desenrola a
partir das angústias sexuais
de ambos e do modo como
vêem uma década de tantas
transformações surgir no
horizonte. Não casualmente,
a ação se passa num hotel
praiano quase vazio, às margens do Canal da Mancha.
Plágio
Em dezembro, McEwan
foi acusado de plagiar uma
escritora de romances de
guerra, Lucilla Andrews, já
morta. Passagens da autobiografia da autora, "No Time for Romance" (1977), foram consideradas muito parecidas a trechos de "Reparação" (2001), aclamado romance do autor.
O mini-escândalo rendeu
uma discussão no meio literário internacional. Os trechos suspeitos diziam respeito a descrições dos procedimentos médicos num hospital londrino durante a
guerra. Ou seja, não eram ficcionais, e McEwan alegava
que usara o livro de Andrews
como fonte histórica.
Vários autores de renome,
como a canadense Margaret
Atwood e até o recluso Thomas Pynchon vieram então a
público defender McEwan e
o recurso utilizado, reforçando que pesquisa não é plágio.
Mas o passado nebuloso
do autor -que já havia sido
acusado de plágio antes, em
"O Jardim de Cimento"
(1978) e "The Comfort of
Strangers" (1999)- deixou
um clima de suspeita no ar.
"On Chesil Beach", certamente, será lido com olhos
bastante atentos.
(SC)
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