São Paulo, sábado, 27 de janeiro de 2007

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Novo livro verá a Inglaterra dos anos 60

DA REPORTAGEM LOCAL

Quando seu mais recente romance, "Sábado", foi lançado, em 2005, Ian McEwan recebeu muitos elogios mas também teve de encarar alguns narizes torcidos e comentários contrários.
Isso porque o livro, que se passa durante manifestações contra a Guerra do Iraque, tem um final feliz, numa época em que, na Inglaterra, vivia-se um tempo de medo e de insegurança por causa do envolvimento do país no conflito e dos atentados de 7 de julho daquele ano.
O escritor irlandês John Banville, por exemplo, atacou McEwan dizendo que seu livro poderia ter sido uma encomenda do primeiro-ministro Tony Blair para acalmar a população.
No novo romance que lançará em junho, entretanto, McEwan parece querer correr menos riscos de tocar feridas ainda abertas.
"On Chesil Beach" se passa no começo dos anos 60 e conta a história de dois jovens recém-casados. Em sua edição especial de Natal, a revista "The New Yorker" publicou um excerto do livro. Nele, Edward e Florence -ele, estudante de história; ela, violinista- jantam silenciosamente em sua noite de núpcias, momentos antes de perderem a virgindade.
O romance se desenrola a partir das angústias sexuais de ambos e do modo como vêem uma década de tantas transformações surgir no horizonte. Não casualmente, a ação se passa num hotel praiano quase vazio, às margens do Canal da Mancha.

Plágio
Em dezembro, McEwan foi acusado de plagiar uma escritora de romances de guerra, Lucilla Andrews, já morta. Passagens da autobiografia da autora, "No Time for Romance" (1977), foram consideradas muito parecidas a trechos de "Reparação" (2001), aclamado romance do autor.
O mini-escândalo rendeu uma discussão no meio literário internacional. Os trechos suspeitos diziam respeito a descrições dos procedimentos médicos num hospital londrino durante a guerra. Ou seja, não eram ficcionais, e McEwan alegava que usara o livro de Andrews como fonte histórica.
Vários autores de renome, como a canadense Margaret Atwood e até o recluso Thomas Pynchon vieram então a público defender McEwan e o recurso utilizado, reforçando que pesquisa não é plágio.
Mas o passado nebuloso do autor -que já havia sido acusado de plágio antes, em "O Jardim de Cimento" (1978) e "The Comfort of Strangers" (1999)- deixou um clima de suspeita no ar. "On Chesil Beach", certamente, será lido com olhos bastante atentos. (SC)


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