São Paulo, quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

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CONEXÃO POP
Sonho adolescente


Em "Teen Dream", a dupla norte-americana Beach House cria um clima fantasioso e surrealista


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

""DEVOTION" FAZ da música pop uma paisagem delicada e onírica." Assim, eu porcamente tentava entender o segundo disco da dupla Beach House, em texto publicado neste espaço em 2008. Bem, em 2010 o Beach House reaparece com uma fantasia surrealista e festiva.
Estou falando de "Teen Dream", o terceiro disco de Victoria Legrand e Alex Scally, que vivem em Baltimore, um dos centros da nova boa música pop norte-americana.
"Teen Dream" ganhou lançamento lá fora pelo selo Sub Pop. Se antes o Beach House era um promissor nome indie, com "Teen Dream" coloca-se entre as bandas mais criativas dos EUA.
Nos dois primeiros discos, a dupla se movimentava em torno de notas esparsas, reflexivas. No novo álbum, o vocal de Victoria é posicionado no centro das canções. Sua voz quase espiritual está mais presente, intensa, carregando os arranjos sofisticados criados por Alex Scally.

 


Não há faixa ruim entre as dez que estão em "Teen Dream". Liricamente, a dupla está mais solta, segura e simples. Em "Used to Be", Victoria canta: "Não esqueça as noites quando tudo parecia bem/ Você não é o mesmo que costumava ser?".
Em "Take Care", que fecha o disco, ela é direta e irônica ("Eu tomaria conta de você se você me pedisse/ Em um ano ou dois").
Se antes o "dream pop" de seus discos levavam a comparações com gente como Galaxie 500 e Mazzy Star, hoje o Beach House se desenlaça das influências ao incorporar psicodelismo e toques pop. Como em "Norway", que havia sido colocada pela dupla na internet, como single digital.
"Teen Dream" não é rápido, imediato, pesado, mas guarda muita energia. "Silver Soul" traz um coro que chega a arrepiar. Emoldurada por sintetizadores climáticos, "Zebra" é sutil e forte ao mesmo tempo.
Se Karen O. não tivesse produzido uma trilha tão emocionante, eu até escreveria que "Teen Dream" seria perfeito para acompanhar "Onde Vivem os Monstros".

 


Saia dos sonhos do Beach House, volte para o real. Se você estará em São Paulo na sexta-feira, dois ótimos motivos para sair de casa.
O Hot Hot libera seu ótimo sistema de som para o inglês Rex the Dog, produtor e DJ dono do hit "Prototype" e que já remixou Depeche Mode, Fever Ray e Goldfrapp.
Já o D-Edge recebe o chileno Matias Aguayo, que despeja latinidade e alma em beats tecno. Aguayo fez um dos melhores discos de eletrônica em 2009, "Ay Ay Ay", e sua "Minimal" parece ter sido feita ontem.

 


O trio de Cuiabá Macaco Bong se apresentou com convidados no Auditório Ibirapuera no fim de semana retrasado. No YouTube, dá para ver um minidocumentário sobre o evento, assim como a versão do trio para duas músicas do Nirvana.

thiago.ney@uol.com.br


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