São Paulo, quarta, 27 de janeiro de 1999

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Compilações traçam panorama variado do gênero

especial para a Folha

A maneira mais rápida de conhecer as bandas que cultivam o neo-swing é recorrer às compilações. Três delas, que podem ser encontradas em lojas de CDs importados, oferecem panoramas bem variados do gênero.
As mais consistentes são "Swing This, Baby" e "Hipsters, Zoots & Wingtips - The '90s Swingers". Além de incluírem diferentes faixas com as populares Big Bad Voodoo Daddy, Brian Setzer Orchestra e Royal Crown Revue, essas duas compilações se completam.
Juntas mapeiam também uma dúzia de bandas menos conhecidas, como Swingerhead, Bellevue Cadillac, Set 'Em Up Joe, Jumpin' Jimes e The Big Six. Das 15 faixas que compõem cada uma, apenas "Mr. Zoot Suit" (com os Flying Neutrinos) e "Boogie Man" (de Red & Red Hots") se repetem.
"Hipsters, Zoots & Wingtips" chega a indicar qual é o estilo de dança mais apropriado para acompanhar cada faixa -seja o "lindy" ou o ECS (abreviatura de "swing da costa leste").
Um pouco mais oportunista, "Next Generation Swing" já começa com "Jump, Jive, an' Wail". Essa clássica gravação do cantor Louis Prima (1911-1978) chamou a atenção dos norte-americanos num popular comercial de TV da grife Gap inspirado na onda neo-swing.
Além de incluir faixas com a Brian Setzer Orchestra, Royal Crown Revue e The Mighty Blue Kings, essa compilação também aponta para a afinidade dos novos "swingers" com o ska, em "The Rascal King", da banda The Mighty Mighty Bosstones.
O álbum "Big Bad Voodoo Daddy" mostra que a banda de Los Angeles adora ritmos dançantes e frenéticos. Temperados por saxofones e metais, os arranjos remetem aos clichês das big bands. O swing e o "jump blues" dominam o repertório, mas ainda há espaço para mambo e rhythm and blues.
Embora costumem incluir ska e rock pesado em seus shows, os Cherry Poppin' Daddies concentram-se mais no swing e no "jump blues" em seu quarto CD. Só que o carisma do vocalista Steve Perry desequilibra. Debochado, ele revela até uma porção Sinatra em "When I Change Your Mind".
Em faixas como "Shake Your Lovemaker" ou "Pink Elephant", a influência do líder Cab Calloway (1907-1994) fica bem evidente. Mas é no disco do Big Bad Voodoo Daddy que aparece o cover de "Minnie the Moocher" -marca registrada do alucinado Calloway.
Também não faltam arranjos ao estilo das big bands em "The Dirty Boogie", o terceiro álbum da Brian Setzer Orchestra. A versão de "Rock This Town" (hit dos Stray Cats) é uma das mais vibrantes.
No entanto, mesmo sem dispensar um leve verniz jazzístico, a música de Setzer se aproxima bem mais de um rock'n'roll orquestral. Não é à toa que a guitarra e os vocais ganham tanto destaque.
"Perennial Favorites", quarto álbum da banda Squirrel Nut Zippers, mostra que seus integrantes têm certa razão ao rejeitar o rótulo do neo-swing. Sem dúvida, há elementos do swing, mas o repertório da banda mistura dixieland, jump blues, calipso e sons de bandas de rua de Nova Orleans.
Pelo mesmo caminho segue a cantora Katharine Whalen. Seus vocais lembram intérpretes americanas do início do século. Quem gosta de música com um nostálgico aroma de brechó vai se divertir com os Squirrel Nut Zippers. (CC)



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