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TEATRO
Trabalho de mestrado de professor associa erros e acertos do festival paranaense aos ventos da cena contemporânea
Curitiba reflete teatro nacional, diz tese
VALMIR SANTOS
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Dissertação de mestrado defendida há duas semanas na Universidade Federal do Paraná associa
erros e acertos de dez anos do Festival de Teatro de Curitiba aos
próprios ventos que sopram na
cena brasileira contemporânea.
"Podemos afirmar que as inúmeras tentativas de reinventar ou
de reorganizar o festival, assim
como as tentativas cênicas de
(re)inventar esteticamente determinados espetáculos, contribuíram para o crescimento da discussão em torno do tema do teatro no Brasil", escreve o autor da
dissertação, o professor de literatura e diretor teatral paranaense
Geraldo Peçanha de Almeida, 31.
"Palco Iluminado: O Festival de
Teatro de Curitiba" foi avaliada
com nota dez em banca dos professores José Roberto Gomes de
Farias (USP) e João Alfredo Dall
Bello (UFPR). A tese foi orientada
pela professora Marta Morais da
Costa (UFPR/ PUC-PR).
Almeida lembra, por exemplo,
que dos cerca de 400 textos encenados entre 1992-2001, pelo menos 250 eram inéditos.
"Obedientes ou não às convenções cênicas, os inúmeros diretores, atores e técnicos também ajudaram a definir essa complexa arquitetura teatral apresentada pelo
Festival de Teatro de Curitiba",
afirma Almeida.
A dissertação inclui retrospecto
do FTC. Cita o grupo de estudantes que sonhou com o evento em
1991: Carlos Eduardo Bittencourt,
então com 22 anos, Cássio Chamecki, 20, César Heli Oliveira, 22,
Leandro Knoplholz, 18, e Victor
Aronis, 28, este remanescente e
atual diretor-geral.
Desconhecidos pela classe teatral, os estudantes atuaram em
parceria com o produtor Yakof
Sarkovas, de São Paulo.
Uma festa marcou o lançamento do FTC na extinta casa noturna
paulistana Aeroanta, em 9 de dezembro de 91. Entre os convidados, estavam os diretores José
Celso Martinez Correa, Antunes
Filho, Gabriel Villela, Cacá Rosset,
Moacyr Góes e Enrique Diaz; os
atores Maria Alice Vergueiro e
Antônio Nóbrega; e os cenógrafos
José de Anchieta e Romero de Andrade Lima.
O teatro Ópera de Arame foi
inaugurado em 19 de março de 92,
coincidindo com a abertura da
primeira edição do FTC.
Segundo Almeida, a realização
do Fringe, a partir da sétima edição, foi um "tiro que saiu pela culatra". A Calvin Entretenimento,
empresa que organiza o festival,
era pressionada pela classe artística a incluir montagens do Paraná.
O que chegou a ser definida como
"programação associada", logo
consagrou-se como Fringe, apropriação não só do nome da mostra paralela do Festival de Edimburgo, na Escócia, mas também
de sua estrutura.
O formato concebido para
"agradar àqueles que ficaram de
fora" foi bem-recebido. Apesar
dos problemas justamente estruturais do Fringe, que recebe companhias de outros Estados, a mostra do ano passado (104 peças) teve, segundo Almeida, as melhores
considerações do público se comparada à mostra oficial, inclusive
com sessões extras.
Algumas curiosidades sobre os
dez anos do FTC. Foram montadas 22 peças de Shakespeare e 21
de Nelson Rodrigues. O público
total chega a 650 mil espectadores. Caso a Calvin vendesse o festival para outra produtora, ele custaria cerca de US$ 5 milhões.
"O FTC é um festival de mídia,
de marketing, porque é privado,
mas isso não deve macular a sua
importância", diz o professor da
Faculdade Opet. Em breve, ele
pretende publicar em três livros o
resultado da dissertação (600 páginas e dois volumes).
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