São Paulo, sexta-feira, 27 de fevereiro de 2004

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CRÍTICA

História e atores compensam maneirismos de Neil Jordan

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

É em "Bob, o Jogador", o clássico filme de gângster de Jean-Pierre Melville, que Neil Jordan vai buscar seu personagem central, Bob (Nick Nolte) e, em linhas gerais, o roteiro que fez para "Lance de Sorte".
A saber, a de um ladrão decidido a dar seu grande golpe, embora sob estrita vigilância do policial Roger (Tcheky Karyo), que já o prendeu no passado, mas cuja vida também foi salva por Bob.
Temos aí quase todos os elementos de uma bela aventura: rivalidade, aventura, afetos difíceis, desafio. Falta, claro, uma mulher, que surge em Anne (Nutsa Kukhanidze), 17 anos, tão bela quanto drogada, protegida de Bob.
Apesar disso, o resultado não é memorável. Em primeiro lugar, existe algo de muito ruim em produções internacionais como essa. Tudo se passa na França, mas as pessoas só falam inglês, o que tira personalidade do filme. Em segundo lugar, de uns anos para cá Neil Jordan passou a empetecar seus filmes, de maneira que "Lance de Sorte" parece, com freqüência, um videoclipe enlouquecido. A maneira como se filma importa mais do que aquilo que se filma.
No entanto, se o maneirismo afeta bastante a percepção geral que temos, ele interfere bem menos na composição dos personagens e nada na presença dos atores que, com grandes atuações, parecem compreender perfeitamente o que Neil Jordan escreveu.


Lance de Sorte
The Good Thief
  
Produção: Reino Unido/ Irlanda/ França/Canadá, 2003
Direção: Neil Jordan
Com: Nick Nolte, Tcheky Karyo
Quando: a partir de hoje, nos cines Metrô Santa Cruz, Villa-Lobos e circuito



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