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CRÍTICA
História e atores compensam maneirismos de Neil Jordan
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
É em "Bob, o Jogador", o clássico filme de gângster de
Jean-Pierre Melville, que Neil Jordan vai buscar seu personagem
central, Bob (Nick Nolte) e, em linhas gerais, o roteiro que fez para
"Lance de Sorte".
A saber, a de um ladrão decidido a dar seu grande golpe, embora sob estrita vigilância do policial
Roger (Tcheky Karyo), que já o
prendeu no passado, mas cuja vida também foi salva por Bob.
Temos aí quase todos os elementos de uma bela aventura: rivalidade, aventura, afetos difíceis,
desafio. Falta, claro, uma mulher,
que surge em Anne (Nutsa Kukhanidze), 17 anos, tão bela quanto drogada, protegida de Bob.
Apesar disso, o resultado não é
memorável. Em primeiro lugar,
existe algo de muito ruim em produções internacionais como essa.
Tudo se passa na França, mas as
pessoas só falam inglês, o que tira
personalidade do filme. Em segundo lugar, de uns anos para cá
Neil Jordan passou a empetecar
seus filmes, de maneira que "Lance de Sorte" parece, com freqüência, um videoclipe enlouquecido.
A maneira como se filma importa
mais do que aquilo que se filma.
No entanto, se o maneirismo
afeta bastante a percepção geral
que temos, ele interfere bem menos na composição dos personagens e nada na presença dos atores que, com grandes atuações,
parecem compreender perfeitamente o que Neil Jordan escreveu.
Lance de Sorte
The Good Thief
Produção: Reino Unido/ Irlanda/
França/Canadá, 2003
Direção: Neil Jordan
Com: Nick Nolte, Tcheky Karyo
Quando: a partir de hoje, nos cines
Metrô Santa Cruz, Villa-Lobos e circuito
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