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MÚSICA
Evento lança bases de documento que condena falta de apoio à cultura independente do Rio; prefeitura refuta críticas
Festival Ruído será palco para manifesto
SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO
Firmando-se como um dos
principais palcos das bandas independentes do país, o festival carioca Ruído dá início hoje a sua
terceira edição pedindo uma cultura independente no Rio de Janeiro... não tão independente. Ou,
como afirmam os autores de um
manifesto que será lançado no
evento, não tão desamparada.
Juntamente às apresentações
que acontecem até domingo, a organização do Ruído divulgará as
bases de um documento a ser entregue à Prefeitura do Rio em que
diz que a cidade "perdeu o posto
de capital cultural" e que o poder
público "trata com total descaso,
preconceito e ignorância a produção independente carioca".
O festival, criado em 2002 como
uma alternativa roqueira à programação do Carnaval, terá uma
programação de três dias na casa
Ballroom, em que figuram quase
em sua totalidade bandas sem
contrato com grandes gravadoras
como os paulistas do Los Pirata,
os baianos Nancyta e os Grazzers
e a carioca Leela -num total de
18 bandas de seis Estados.
Segundo Rodrigo Quik, 30, do
grupo Narjara (que também está
no festival) e um dos organizadores do evento, a movimentação
em torno do manifesto já vem
ocorrendo desde setembro do
ano passado e seu foco é centrado
nas ações da prefeitura, considerando que a capital fluminense é
ponto irradiador de influência
cultural para todo o Estado e,
principalmente, que 2004 é ano de
eleições municipais, quando a
discussão sobre projetos políticos
de vários setores será retomada.
Durante o Ruído, o objetivo, de
acordo com Quik, é chamar as
pessoas para o debate acerca de
um plano de cultura independente no Rio. Após a discussão e definição de um documento, será feito seu lançamento em eventos
culturais e sua entrega em ato público à administração municipal e
ao governo estadual, para, segundo Quik, "não dizerem: "ah, mas
ninguém nos procurou'".
O organizador e mentor do manifesto afirma que "todas as produções culturais aqui no Rio são
relacionadas a grandes empresas
ou a grandes empresários da noite
carioca, ou já esquematizados
com o poder público ou privado.
Na verdade a produção cultural
independente é só rechaçada".
Quik diz que os artistas de pouco apelo popular não são acolhidos pela prefeitura e que a programação das lonas culturais -centros que apresentam shows e promovem oficinas em diversos bairros do Rio- atende apenas artistas de grande porte.
"A gente nem é contra que a
prefeitura subsidie atrações populares. Tem de dar força para a
produção massificada. Por outro
lado, [a prefeitura] tem de incentivar o artista novo, o que está à
margem da sociedade cultural."
Para Quik, é necessário formar
uma "indústria cultural" no Rio,
no sentido de um mercado que
consiga gerar empregos, já que
sua ausência "deixa milhares de
pessoas subempregadas ou desempregadas, pessoas de talento
que são obrigadas a abandonar
sua profissão no meio artístico
porque, sinceramente, não dá para tirar leite de pedra".
O organizador diz que uma das
idéias futuras é definir um candidato a vereador "que represente a
cultura independente, como forma de levar à prática as idéias do
projeto".
RUÍDO. Quando: hoje (21h), sábado
(21h) e domingo (19h). Onde: Ballroom
(r. Humaitá, 110, Humaitá, tel. 0/xx/21/
2537-7600). Quanto: de R$ 12 a R$ 15
(meia-entrada para estudante).
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