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TELEVISÃO
Crítica
Mann usa montagem para contar fato colossal
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Para alguns, a montagem cinematográfica foi criada para
contar a história. Sim, como
conceber fatos colossais, como
os de "A Queda do Império
Romano" (TC Cult, 13h45; 12
anos), de Anthony Mann, se
não com a liberdade de narração que a montagem instituiu?
Mais: a montagem é uma forma de interpretar o mundo, é
por onde o autor coteja dois aspectos ou privilegia um deles
em desfavor do outro etc.
Por isso os sábios russos, os
cineastas da Revolução de 1917,
achavam que a montagem era o
coração de um filme. Por isso
veneravam D. W. Griffith, esse
burguês de corpo e alma.
Como nem só de montagem
se vive, convém prestar atenção
no formato. Se "A Queda" não
estiver em cinemascope é uma
falsificação, ofende a inteligência e os olhos.
Já "Intolerância" (Futura,
22h30; 12 anos) é um filme
complicado de recomendar. É
mudo, é de 1917. É uma superprodução que representa quatro épocas históricas em torno
da necessidade de tolerância.
Não é para todo mundo. Só para quem ama o cinema: o que
Griffith fez é como dar o primeiro passo na Lua.
Ali estão a Babilônia e o tempo presente, a Bíblia e as guerras de religião. Como juntar aspectos tão diversos da história?
Eis aí o mistério que, apesar de
todas as técnicas posteriores,
continua intacto e faz de "Intolerância", ainda, um evento.
Para cinéfilos apenas.
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