São Paulo, sábado, 27 de fevereiro de 2010

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TELEVISÃO

Crítica

Mann usa montagem para contar fato colossal

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Para alguns, a montagem cinematográfica foi criada para contar a história. Sim, como conceber fatos colossais, como os de "A Queda do Império Romano" (TC Cult, 13h45; 12 anos), de Anthony Mann, se não com a liberdade de narração que a montagem instituiu?
Mais: a montagem é uma forma de interpretar o mundo, é por onde o autor coteja dois aspectos ou privilegia um deles em desfavor do outro etc.
Por isso os sábios russos, os cineastas da Revolução de 1917, achavam que a montagem era o coração de um filme. Por isso veneravam D. W. Griffith, esse burguês de corpo e alma.
Como nem só de montagem se vive, convém prestar atenção no formato. Se "A Queda" não estiver em cinemascope é uma falsificação, ofende a inteligência e os olhos.
Já "Intolerância" (Futura, 22h30; 12 anos) é um filme complicado de recomendar. É mudo, é de 1917. É uma superprodução que representa quatro épocas históricas em torno da necessidade de tolerância. Não é para todo mundo. Só para quem ama o cinema: o que Griffith fez é como dar o primeiro passo na Lua.
Ali estão a Babilônia e o tempo presente, a Bíblia e as guerras de religião. Como juntar aspectos tão diversos da história? Eis aí o mistério que, apesar de todas as técnicas posteriores, continua intacto e faz de "Intolerância", ainda, um evento. Para cinéfilos apenas.


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